Sonntag, Dezember 30, 2007

Os lamentos fanfarrões

Não se contentam mais em apenas alisar franjas ou pintar os olhos para fingir as densas olheiras. Agora o novo cliché a nova "onda" da estação são os lamentos imperecíveis, daqueles que fazem os filmes água com açúcar cults parecem cheios de mensagens subliminares de até 4º grau.
Um indíviduo usa-se das medíocres aulas de descrição/narração que aprendeu muito mal na escola e descreve como se estivesse na própria cena que inventou, um lugar simples, com glamour decadente, achando-se o desgraçado do momento, o grande Gatsby! Quando na verdade mal sabem o que é um rabo de galo ( se quiserem saber, peçam em um balcão de bar), ou, nem mesmo sabem acender um cigarro. O que critico não é o indivíduo não fumar ou beber, mas quem não se utiliza de pelo menos um desses artifícios realmente sabe o que é estar nesses lugares de glamour decadente?! Obviamente não. E isso enxe o saco, até não poder mais e cria uma superávit de amolações emocionais falsos, imaginários-abstratos.
No fim, pessoas como eu e vários outros amigos que vivem ou viveram em desgraça, estiveram em bares imundos e nas situações descritas por esses losers, acabamos nos vendo descritos por seres que estão escrevendo sobre a desgraça alheia e recebendo todos os aplausos. Talvez daí significará a expressão "rir da desgraça alheia".

Donnerstag, Dezember 27, 2007

Assim, sem nada

- Mas quando a noite chegar e você chorar...
- Eu não choro.
- E quando você se sentir sozinha...
- Eu sou misantropa.
- E quando você se sentir...
- Não, não e não! Eu não sinto.

Montag, Dezember 17, 2007

Para a causa dos desalentos e dos marionetes

Não, vocês não fazem idéia do que é dor ou crueldade, meus baratos. Isso, porque crueldade e dor não estão em refis à disposição em todos os supermercados ou então em chapinhas a R$19,90 no puxadinho da cidade ou ainda em make up's mal-feitas.
Dor e crueldade são palavras que não se limitam a fins de relacionamento com sentimentos profanos, são sentimentos que se perdem à proporção do entediamento e inércia que causam ao ser dolorido. Mas você por acaso sabe o que é sentimento, choldra?! Sabe, e sabe porque é idiota. Idiota o suficiente para achar que o real não é real, que tudo é refutação abstrata, que tudo vai voltar para o devido lugar, que coração tem correntes quando na verdade sabemos que ele bombeia sangue muito de má vontade, pois depois pára e você precisa por uma ponte de safena.
Não adianta dar tudo o que tiver que dar ( e até o que você nunca terá para dar), certas coisas não dependem de destino ou esforço. E acaba assim, a garota aqui a qual você não consegue escrever igual e nem falar como ela (eu), acaba ficando com o que você tanto quer e não vai ter de volta. Porque é isso o que acontece com os genéricos e com os (as) quebrados(as).
E malditos, mil vezes malditos, os blogueiros medíocres que tentam disfarçar com frases de efeito tiradas do google o que não pensam, mas sentem ( os idiotas!).

Dienstag, Dezember 04, 2007

O novo mendigo na rua

O sol escondido atrás das nuvens cheias e cinzas tentava luzir em meus olhos. Na calçada do condomínio me deparo com a criatura. Já idoso, sentado na calçada e com uns olhos tão meigos e piedosos que não saiu mais da minha cabeça.
Eu acho que o novo mendigo da rua conquistou meu coração. Isso mesmo. Arrebatou-me violentamente. Simplesmente não consigo evitar de chorar toda vez que passo por ele. Aqueles olhos...Meu Deus! Aqueles olhos!
Na semana, já não estava mais na calçada. Logo no dia que eu decidi prontamente ir comprar-lhe um lanche na lancheria da rua, ele já não estava lá. No lugar da calçada que era seu, um brioche e um copo de café largados. Entretanto, não foram largados de má vontade, apenas deixados lá como se ele agradecesse e fosse voltar. Só espero que ele tenha voltado para casa, ou, encontrado algo melhor para se hospedar. E que a desgraça caia sobre outras cabeças, e que rolem, e que essa coisa de destino-maktub-estava-escrito-por-Alah vá para as favas. Porque quem merece o que merece não são idosos de olhos meigos...Aqueles olhos!

Samstag, November 24, 2007

"Mas na sombra teus olhos resplandecem enormes"

Não interessa se não mudar, ou, se não voltar ao pretérito mais-que-perfeito. Eu não me importo e não digo isso como uma despeitada ou como uma raposa de La Fontaine que esnoba uvas verdes.
Passou, passou e foi só ver algumas fotos-lembranças para ver que nada faz falta mais do que meu egocentrismo. Tenho mantido meus olhos muito fechados de dia para não ter que me ver ou cuidar-me. Abro-os à noite, e eles resplandecem e causam pena, quase repugnância.
E doa a quem doer, Belo Horizonte e São Paulo aí vou eu. Chega de promessas não cumpridas e fatos internéticos, eu sou de carne e osso e não tenho mais medo ou vergonha de ser.

Mittwoch, November 21, 2007

Happy Birthday To Me

Bolo e guaraná, acordei muito cansada como sempre. Tomei banho e fui até o ponto de ônibus com os cabelos ainda molhados como sempre. Não copiei o dever, como sempre. Porém, minhas amigas muito fofas de sala me fizeram uma festinha surpresa. O bolo/torta muito over e que ninguém conseguiu engolir, o que fez com que distribuíssemos para todos os funcionários do colégio e o guaraná que ajudou a empurra o bolo/torta guela abaixo.
Bolo e guaraná, a Ju me buscando na escola com um sorriso enorme e me deixando perplexa me dando parabéns ( Ju nunca dá parabéns a ninguém).

- Ora essa, Carol! Eu não gosto de você, por isso te dou parabéns! - disse.

Bolo e guaraná, a cerveja única que podemos pagar hoje, dias de semana nos deixam duras. Os rapazes da UFF saindo da aula e nos desviando olhares, o sol tão forte e tão quente que me fez lembrar Novembro. Ressoando na cabeça N O V E M B R O!

Bolo e guaraná, para todos os outros que tiveram o privilégio de nascer no mesmo dia que a criadora da criatura Felluina.

E o post foi alterado mais uma vez, porque toda tentativa de fazer algo certo sempre irá por água abaixo.

Montag, November 19, 2007

Querer muito e saber que não é poder

Eu sei que você precisa de ajuda. Talvez precise até mais do que eu e considerando que eu sou uma maníaca depressiva pré-esquizo, bem, isso é ruim. Porque cansa - e muito- fica horas pensando e despensando como e o que eu posso fazer para te tirar dessa apatia, desse ceticismo. Não posso, definitivamente.
Queria tanto, mas tanto - mas tanto!- que certas coisas nunca mudassem, como éramos crianças bobas e bêbadas e não tínhamos essa de " pensadores". Quem pensa, se ferra, essa é a verdade. Entretanto, já passou a hora de trocar de cérebro e atitude, não há mais jeito. E vou continuar a assistir você se desintegrar, sem poder lhe oferecer a mão [já que sei que seu machismo não vai deixar você agarrá-la]. Estamos lúcidos, como se tivéssemos para morrer. Ah, Pessoa! Cale a boca novamente!

Sonntag, November 18, 2007

Preto e Branco

A minha analogia agora é preto no branco. Sim, porque as coisas, gostos e pessoas estão com o ego cinza. E não é um preto e branco das fotos que disfarça imperfeições e dão charme à imagem.
Posso dizer que o mundo poderia estar colorido e super bandeira gay, mas não faz mais tanta diferença. Todos eles que eu tanto prezava e que deixei um a um se desintegrar como se tivessem alguma meia-vida. Mesmo querendo ainda morar no miocárdio de cada um deles.
Preto, branco e colorido, poderia até ser sepia, porém não muda o rumo de algo. Percebem? Eu utilizei "rumo" ao invés de "sentido", porque não há mais. E saber que o que poderia ter sido e não foi e nunca vai ser, e mais ainda, que eu não sou nada a não ser pelos meus sonhos, cansa. E não quero mais explicar o por quê, também cansa. Cansa na insignificância de saber que o lindo já se foi e o que é e vai ser ruim, ainda está por vir. Viver e só. A outra opção é deixar que os vermes façam o trabalho da meia-vida. Eu não sou nada. Não há sonhos. Pessoa, cale a boca.

Donnerstag, November 08, 2007

I'm so tired. I can't sleep (2)

Porque a hipnopédica não funciona mais, já que eu não posso nem dormir. Mas durmo e acordo como se nada tivesse acontecido ou como se tivesse perdido parte da minha vida em algumas horas. Mais uma paranóia.
O grito que não sai porque o choro preso na garganta não o deixa sair, a garganta que é seca e faz engasgar em poeira e sofrimento. Os olhos; "Olhos tão tristes" - como diria a Laís, perderam até a tristeza na tentativa de tentar salvar partes irreparáveis.


E a outra parte do post se foi, porque o choro conseguiu sair e fazia doer os olhos quando eu olhava para a lâmpada do banheiro. Os braços agarrando as pernas brancas e logo depois tentando agarrar as paredes planas, os azulejos... Mas todo mundo tem que viver sua vida e só Deus sabe como eu devo viver a minha.

Dienstag, November 06, 2007

A quase doce terça-feira

Ônibus, 7:10 da manhã. Hoje foi um dia nublado, mas com os raios solares tímidos por trás das densas nuvens cinzas. Uma menininha entra no ônibus, devia ter seus 8 ou 9 anos, senta-se do lado do que parecia ser um homem estranho. Não era. A menina sentou-se ao seu lado e lhe deu um abraço tão apertado e um beijo tão carinhoso que eu até fiquei comovida de algum modo.
Logo, a menina teve que descer para a escola. Eles se olharam e o homem que devia ser algum parente da menininha lhe olhou como se a fosse ver pela última vez. Um último beijo e um último abraço bem apertado e ela desapareceu sob a neblina de chuva.
Na volta da escola, me deparo com um mendigo na calçada. Ele estava desmaiado - provavelmente de muito bêbado- e um denso rio de vômito escorria-lhe da boca. Eu levei meu punho delgado até a boca, como se eu fosse vomitar com a cena. Como se realmente eu já não tivesse passado por situações - e pessoas - enojantes.
Depois do abraço, vem o vômito.

Samstag, November 03, 2007

Chá e vermute

Ela repousou seu chá na mesa de mogno e deu um suspiro profundo. Tamborilando com os dedos e decidindo como transformar um dia abafado em algo produtivo. Já menina ficava horas com o olhar voltado para as chuvas de julho, chuva densa e suave em toda a sua magnificência. E estendia suas mãozinhas delgadas e se deixava encharcar, fascinada.
Abandonou o chá na pia de mármore e se atirou ao chuveiro. Ainda com os longos cabelos molhados, jogou por cima camiseta e calça, do tipo Levy's. " Jeans de hippie"; já dizia sua mãe. Foi ao Jack's Bar, há um bairro de distância. Sentou, pediu um vermute e engoliu de uma só tragada. Acendeu seu Camel e tragava como se fosse o último.
O garçom de dentes amarelados ofereceu outra dose. Quando já estava na 8ª dose, seus cotovelos repousavam no balcão, as nádegas se aconchegaram ao banco confortável mas tudo girava absurdamente. Apesar do ambiente á meia-luz, da porta de vidro dava para ver as luzes da cidade. Luzes que se misturavam e formavam cores que chamavam mas feriam os olhos.
Lágrimas surgiram. Não se sabe como e nem o por quê, mas surgiram. E lavavam seu rosto pálido como se quisessem refrescá-lo do calor. Voltou ao seu apartamento. As lágrimas ainda não tinham ido embora. Ela sentou, de cocoras no chão. " Meu sofá! Meu sofá! Ele só tem três lugares!". E se descabelava e grunhia e se espalhava ao chão. Talvez nesta metáfora trançoeira ela quisesse enganar-se contra o próprio abandono.

Sonntag, Oktober 28, 2007

Hipnopédica

Eu não estou aqui e isto não está acontecendo comigo.



Cansada de todos tentarem ser modelo no orkut, de toda a pressão para um vestibular que não irá se concluir nem que eu queira e da inércia total. Morrendo para tentar crescer, ou, ser a vida que não fui antes de ter que dançar o último tango.

Sonntag, Oktober 21, 2007

E de tudo sobraram três coisas...

A certeza de que um post não bastaria para os acontecimentos mais horrendos estratosféricos, a certeza de que a tal da semente da discórdia faz parte do conto da carochinha e a certeza absoluta e única que vilões de novela mexicana não são reais, mas pelo menos dá para imitar a make up.

Beth Lugosi is dead

Talvez eu também e não saiba. A cerveja pela metade no bar imundo. O maço de cigarros de cereja esgotados e minhas amigas implorando para que eu ficasse mais um pouco. A antipatia com todo ser humano que viesse dirigir a palavra a mim, a cara de sono, os pés cansados e o coração rachado de alguma forma nada convencional.
A ânsia de vômito que foi substituída pela ânsia de voltar para casa. "Estamos sempre voltando para casa"; já dizia a Lyanna. E o calor que faz as axilas escorrerem, a maquiagem derreter e o cabelo despentear até eu ficar tão depreciativa comigo mesma que queira ficar calada e surda. Além do amargor, sobraram as ótimas piadas e a mancada de ter confundindo um doente com um skinhead.

Freitag, Oktober 12, 2007

1 ano

Hoje eu vi alguém que era como você costumava ser. Não é novidade eu ver algo que não é e fora do lugar, pois ele estava no ponto de ônibus, rindo com uma garota que provavelmente era sua namorada. Contudo, fiquei hipnotizada com a cena.
Relembro e remôo as ondas do mar, muito espumantes e nada altas. As mãos dadas em um calor de provavelmente 38ºC, os sorrisos nos rostos e, nos rostos alheios apenas uma satisfação de maresia. A noite quente e enluarada, tranqüila apesar do trânsito fora do quarto. Eu queria de bom grado dançar o último tango, mas você me guia em rodopios rápidos por esse salão de infinidades alheias. Tão rápidos e precisos, como tiros no cérebro, facas em pulmões. E fica cada pouquinho para mais tarde, como se realmente fossemos até lá e mesmo se chegassemos,
estaríamos completamente despedaçados, não há de se negar.
Hoje eu vi alguém que era como você costumava ser. E não era. Os olhos grudaram na janela do ônibus e eu pude alcançar a sua réplica. Cabelos escorridos até o pescoço e sinais de barba no rosto. Eu beijei-o com os olhos. A saudade é do que eu fui e do que eu via, não te amo não. Minto, te amo pouco e é muito amar pouco para um coração seco. Padeçamos.

Sonntag, September 30, 2007

Remember me; special dreams

Eu teimo ainda em vão provar que o tempo pode voltar e fazer acontecer as coisas como queria que tivessem acontecido há muito tempo antes. Não importa o quanto eu tenha lavado a alma e nem o milagre humorístico que isso me proporcionou. Lágrimas de outrem e risos meus, tão só.
Sofrimento quando é alheio é muito bom. Quando é meu ainda assim é bom. Porque de qualquer maneira eu não posso retardar nenhum sofrimento passado ou que há de vir. E sofrer, de coração partido e em prantos insistentes ainda é melhor que esse tédio de lugar comum. Olhar as ruas como se olhasse algum quadro e cair na esquizofrenia de que a minha vida é um quadro de mim mesma, debater-se na esperança que ele rompa e eu saia triunfante para um mundo de verdade ou da verdade. Mas o mundo é de mentira, eu não me incomodo mas padeço.

Sonntag, September 23, 2007

Neve

Mas é preciso que aconteça alguma coisa. Não posso sentar-me e esperar. Nesse caso ficaria coberto por toda essa simetria hexagonal, e Settembrini, se me procurasse com a corneta na mão, haveria de me achar acocorado aqui, com os olhos vidrados e com um boné de neve través na cabeça... - Hans Castorp percebeu que estava falando sozinho, e de um jeito um tanto esquisito. Proibiu-se, pois, de falar assim, mas fez também isso a meia voz e em palavras expressas, embora seus lábios estivessem tão atordoados que renunciou a utilizá-los e falou sem pronunciar aquelas consoantes que são formadas com auxílio deles, o que lhe chamou à memória uma situação anterior na qual ocorrera o mesmo. - Cala-te e trata de safar-te! - prosseguiu e acrescentou: - Parece-me até que estás desvairando e já não tens o cérebro muito claro. Isso é triste, sob certos aspectos.

A Montanha Mágica - Thomas Mann


Um dia eu descubro porque esse livro consegue ter tantos aforismos e ao mesmo tempo formam apenas situações corriqueiras aparentemente sem sentido.

Dienstag, September 18, 2007

Acabou.

E no tédio de mim mesma, eu pude perceber que enquanto meu nariz ardia e escorria devido a uma gripe somada a monóxido de carbono, eu não poderia fazer nada para apaziguar meu fracasso e sofrimento. Mas o que eu não sabia era que também não sabia e não podia apaziguar o sofrimento de outrem.

Samstag, September 15, 2007

In Mortal

Há poucos anos, achava que era imortal. Talvez porque sofresse como uma verdadeira mártir, mas enfim, tinha tanta certeza da imortalidade - e do sofrimento - que fazia riscos nos braços.
A lâmina fazia cortes bem finos e ficavam como pequenos rios de chagas sangrentos. O sangue contrastava de forma bem viva com a pele branca e também com as veias azuis que saltavam. Foram assim todos os dias de minha pré-adolescência.
Um dia eu adoeci. Tudo bem que é muito comum eu adoecer, mas nesse dia foi ímpar. A febre não cessava, os antibióticos me faziam vomitar e minhas hemácias caíram tanto que eu tive de ser internada. A médica falava com mamãe que a infecção estava se espalhando pelo corpo. Passei dias deitada naquela cama tão densa do hospital, as veias como eram muito finas estouravam na agulha com o soro contendo os medicamentos e eu acumulei mas de 5 marcas roxas e doloridas nos braços.
Eu ficava olhando o nascer e o pôr-do-sol da janela que era enorme. Era legal ver todos aqueles prédios altos recebendo luz e uma brisa da manhã, que logo se transformava em monóxido de carbono. Eu saí de lá. As marcas clarearam e eu nunca mais toquei em alguma lâmina. Não porque me faltasse malogro e o martírio, mas porque eu fui perdendo a força e a vontade de fazer e adorar qualquer coisa. Mas hoje, eu ainda olho para o lado de lá e sempre digo no tédio de mim mesma: Deus, eu era só uma criança.

Samstag, September 08, 2007

A grande irritação

" -Covarde!- bradou Naphta, e com esse grito humano admitiu que era preciso maior coragem para atirar do que para servir de alvo. Levantou então a pistola de um modo que nada mais tinha em comum com um combate, e descarregou-a na própria cabeça.
Que cena trágica, inesquecível! Enquanto os cumes jogavam bolas com o ruído seco da sua façanha medonha, Naphta cambaleou ou precipitou-se alguns passos para trás, arremessando as pernas para o alto. Deu bruscamente meia volta à direita e caiu com o rosto na neve.
Todos permaneceram imóveis durante um momento. Settembrini, depois de arrojar a pistola para longe de si, foi o primeiro a aproximar-se de Naphta.
-Infelice! - exclamou. - Che cosa fai, per l'amor di Dio?
Hans Castorp ajudou-o a virar o corpo. Via-se o buraco vermelho, enegrecido, ao lado da têmpora. Cobriram-lhe o rosto com o lenço de seda cuja ponta sobressaía do bolsinho do casaco de Naphta."

Trecho de "A montanha mágica" (Thomas Mann)

Freitag, September 07, 2007

Anarquizando o Dimmy

Em uma conversa no MSN...



Dimmy: Meu Deus, Lolita! Onde esse mundo vai parar?! Sério, não se aflija.

Eu: Não é isso...É...que eu só descubro mais e mais a imensa complexidade humana...e quando vou ver é apenas tanta mesquinharia inserida em um só ser que as esperanças de encontrar algo para o futuro fica difícil.

Dimmy: Criança, não te culpe! O que dizer de ti? Vou parar de te encarar como um solzinho laranja? Jamais!

Eu: As pessoas são fáceis, deslumbradas e tão mesquinhas...mas tão mesquinhas que eu me pergunto se ao invés de carbono não temos mesquinharia em nosso corpo.

Dimmy: Pois é... esse povo é só carbono e nada mais... deixa esse povo cumprir o ciclo. Nós somos purpurina! Muito melhor.



[...]

Sonntag, August 12, 2007

Anacoluteando minhas reflexões

É, eu mudei. Não exatamente na minha essência central, mas mudei e isso é um fato. E é praticamente um fato social, já que todas as pessoas têm mudado constantemente.
A prévia solução é ter sensibilidade e sorte para apostar se o outro mudou ou não. Eu não tenho sensibilidade e nem forças para apostar em um filme que eu já vi, rebobinei, vi novamente, chorei, esperneei, vi outra vez e pairei cansada no abcesso. O meu problema talvez seja mesmo eu ser um tipo de anacoluto. Dou tanta complexidade e pouca compreensão às coisas e pessoas que acabo sendo rapidamente substituída ou eliminada.
Eu recordo quando uma de minhas professoras de Biologia falou que, cientificamente nenhum ser humano é igual. Se não somos iguais, então não podemos ser substituídos e se não podemos ser substituídos, eu não existo. Concluí. Descartes mentiu para mim (Penso, logo existo).
Eu, a mim me parece que tudo vai bem. Me parece que tudo vai bem. Eu (alma) e mim (corpo) desapareceram. O "me" continua, talvez um dia ele sinta falta do "eu" e do "mim" e vá buscá-los.

Freitag, Juli 27, 2007

Unintended

Pegar cinema sozinha é muita decadência, mas pegando a carona da célebre frase "Antes só do que mal acompanhada" alivia bem. Na frente um garoto lindo junto com uma monga, revolta. Mas aí vem o raciocínio de que se ele está com uma monga é porque deve ser um mongo também.
A pergunta é: Por que eu não consigo fazer ninguém feliz? Pode parecer um tanto cliché, mas tudo morre à minha volta. As flores murcham, as crianças param de sorrir e as pessoas perdem seu humor. Não seria esforço viver em absoluta solidão até porque eu sou uma misantropa convicta, mas ver tudo evoluindo e perceber que você só evoluiu intelectualmente é amargo demais. Quero um chinelo velho pra o meu pé degradado...[E olha que nem estamos no dia dos namorados para eu dar crise de solteirona...].

Sonntag, Juli 15, 2007

Viva ao câncer!

Por entre os goles gelados de Guaravita, pelo mastigar do Trident, pelas tragadas no LA de cereja e por todo esse monóxido de carbono....Estranho, os anéis aromáticos são tão lindinhos mas bem mais tarde se transformam em câncer. Esse câncer já faz muito tempo...E ninguém veio comê-lo.

Dienstag, Juni 19, 2007


"E não se sabia mais quem era porco e quem era homem."
(George Orwell)

Montag, Juni 11, 2007

13 minutos

É tudo o que eu tenho: 13 minutos. Para digerir todas as más novas, para pestenejar pela milésima vez de como o teclado da lanhouse é duro, para olhar o sol crescente lá fora e para procurar vestígios de lágrima nos meus olhos de ressaca.
Mas se 17 anos não foram o suficiente para fazer algum sorriso duradouro...

De qualquer forma: Algumas garotas ainda são maiores do que outras.

Sonntag, Juni 03, 2007

Farther Away

Vivendo a fase mais crítica do meu egocentrismo. E eu achava que ele era falho...As desgraças estacionadas para o depois, os acertos de conta adiados para muito mais tarde e as preocupações dizimadas. Talvez tenha chegado aquela famosa hora que aqueles que faziam diferença agora vão sentir a sua falta nem que seja por dentro.
Nada de fiozinho de esperança, até porque essa palavra perdeu seu sentido. Nada de dramas porque também perdeu sentido. Apenas eu, minha pele - aliás muito pálida- , meu cérebro e o futuro que há por vir. Obrigada malogro.

Freitag, Mai 25, 2007

I'll take a quiet life and a handshake of carbon monoxide...

A teoria de que eu sou uma garota incrivelmente vazia veio à tona. Foi mais simples do que eu achei que fosse provar isso. Estava eu em um concurso de redação, teria que fazer uma dissertação e o fiz. Obra-prima, extraordinário. Até saber que eu não fui convocada, meu Deus como eu fui esquecer que dissertações tem que ser vazias?!
A verdade é que eu nunca consegui escrever uma dissertação, se consegui com certeza foi com muito esforço e pressa. Acontece que quando se é vazia (como eu, claro), os textos saem com um espírito tão malogrado que parece até que o texto cria vida e pede ajuda. Meus textos pedem ajuda, eu não.
Sem mais dramas mexicanos, simplicidade... Acho que a simplicidade é prenúncio da paz. Não que seja condenável estilo de vida agitado, mas essa paz...De acordar de manhã respirando fundo, apreciar cada fio de cabelo, sorrir para seus amigos ( ou o que vocês acham que são seus amigos), fazer as coisas com calma e precisão. Sem alterações, sem medos, sem falhas. Vida, me dá mais uma chance?

Mittwoch, Mai 16, 2007

Meu egocentrismo ainda é muito falho

Parece até TOC ficar esperando algo que não se deve esperar. Fazer os mesmos movimentos, os mesmos pensamentos, as mesmas ilusões e enfim as mesmas decepções somadas a confusões. As minhas confusões se somam tanto que acabo exausta jogada na cama sem saber o que é bom ou ruim, para mim ou para vós? Vós? Não era nós? E seria nós dois ou nós três? Ou haveria um quarto(a)?!
Dentro disso tudo me sobra um pouquinho de vontade de entender...Entender, largar, abrir um livro, passar no vestibular, fazer o projeto voluntariado para hospícios e enfim poder dizer que posso procriar, pois fiz algo que valesse a pena com todo esses átomos de carbono (negativos) que me compõem...

Freitag, Mai 11, 2007

Help me, Newton!

1- A lei da inércia: meus sentimentos são constantes à medida que você não os anula criando amor malogrado por hipopótamos (só Deus sabe o que eu quero dizer com "hipopótamos"...) e estourando minha cota pré-inicial para humanos de imbecilidade.

2- A lei da aceleração: a aceleração de um corpo é diretamente proporcional à força que age sobre ele e inversamente proporcional à sua massa. Injusto, até em massa somos antagônicas mas se levarmos em conta a massa cerebral e estética, até que eu saio no lucro...tsc...tsc

3- A lei da reação: a cada ação corresponde uma reação de valor igual e de sentido contrário, ou seja, tenha a capacidade imbecil de se importar com acerebrados(as) e eu enxerei a cara no botequim da esquina (puxa vida, duas ações idiotas e de mesmo valor!).

Dienstag, Mai 08, 2007

A outra aula de Geografia no Colégio novo

E o professor começa seu discurso no meio da aula sobre Industrialização:

"Os países periféricos não estão no mesmo patamar industrial dos países desenvolvidos pelo fato do capitalismo ser perverso! Os países ricos não querem que os países pobres cresçam!"
[...]

" A China é um grande exemplo do Socialismo que deu certo!"

O meu dedo criando vontade própria pronto para se auto-levantar. O cérebro inchando de tanta retórica, o último suspiro antes da boca abrir e soltar inúmeros protestos direitistas. Mas não, respirei fundo e decidi que na próxima aula vou levar um MP3.

É...Certas coisas nunca mudam.

Dienstag, Mai 01, 2007

Náusea: o retrato da apatia

Antoine Roquentin, meia-idade, burguês. É em torno desse personagem que Sartre faz encarnar a profunda apatia. O Sr. Roquentin mora só em um hotel localizado em Bouville, cidade pequena na França. Faz o desjejum sozinho, almoça sozinho e janta sozinho. Tudo isso em Cafés espalhados pela cidade e ao som de "Some of these days", um jazz.
Roquentin narra o livro queixando-se incansavelmente de uma "náusea", que aparece sorrateiramente quando ele pára e analisa as pessoas e coisas à sua volta. O que fica subentendido é que essa "náusea" é produto de uma degradação emocional que ocorreu aos poucos, podemos ver no seguinte trecho: " Já não posso duvidar de que alguma coisa me aconteceu. Isso veio como uma doença, não como uma certeza comum, não como uma evidência. Instalou-se pouco a pouco, sorrateiramente: senti-me um pouco estranho, um pouco incômodo, e isso foi tudo. Uma vez no lugar, não mais se mexeu, ficou quieto e pude me persuadir de que não tinha nada, que era um alarme falso. E eis que agora a coisa se expande."
Ele passa horas na biblioteca na ânsia de ler todos os livros, mas também escreve, quer dizer, tenta escrever um livro de história sobre o Sr. de Rollebon. Devido a constante náusea somada às inúmeras reflexões existenciais, ele não consegue terminar o livro, desistindo de escrevê-lo. A biblioteca também é freqüentada pelo Autodidata, também homem de meia-idade que passa horas lendo e tem como diversão "alisar" rapazinhos mais novos.
Apesar da profunda indiferença com o mundo em si, Antoine ama Anny, uma antiga namorada um tanto excêntrica que vivia buscando "momentos perfeitos", como se as pessoas em determinada situação tivessem que interpretar quadros e figuras. No auge de sua debilidade, Anny culpava Antoine por estragar seus momentos perfeitos e afinal de contas, quem é apático não tem espiritualidade e nem ânimo para interpretar "momentos perfeitos", não tem a capacidade de delirar na própria imbecilidade. Pobre Anny...
Anny volta depois de alguns anos, querendo reencontrar Antoine. Depois de tanta apatia, tal fato desperta algum ânimo nele mas não por muito tempo. Quando se encontram, ela lhe explica a teoria dos momentos perfeitos e em seguida pede que Antoine se vá. Na despedida, ela o beija alegando que queria ter a lembrança de seus lábios. Inconformado, ele vai até a estação de trem para vê-la partir, como se quisesse ver sua desgraça se concretizar e se concretiza. Anny vai embora.
Em seus passeios pela pequena Bouville, vendo a paisagem, os humanos, a cor do céu e a natureza, ele concretiza a verossimilhança de todas as coisas existentes: " Todo ente nasce sem razão, se prolonga por fraqueza e morre por acaso." Outra máxima: " A existência é uma plenitude que o homem não pode abandonar." Concluindo que a existência não é ilusória mas apenas patética e relevante quando muito, incompreensível.
Quando Roquentin se prepara para partir para Paris, visita pela última vez a biblioteca e se depara com um infeliz episódio. O Autodidata é visto em situação suspeita com um rapazinho e em seguida surrado pelo corso da biblioteca que possuído pela revolta moral, sai distribuindo socos no Autodidata. E é nesse episódio que podemos ver a empatia e humanidade de Roquentin, pois ele pega o corso pelo pescoço para defender seu companheiro de leitura, ao qual mal dirigia a palavra e evitava encontrar. Mas o que é mais comovente, é Roquentin desprezar o ato pedófilo do Autodidata e compartilhar a desgraça alheia, pois a biblioteca era a vida do Autodidata.
Enfim, a hora da despedida chega e ele faz sua última refeição no Café que freqüentava. Se despede de sua amante, a dona do Café. Ele está partindo porque não lhe resta mais nada: " Sou livre: já não me resta nenhuma razão para viver, todas as que tentei já cederam e já não posso imaginar outras. Ainda sou bastante jovem, ainda tenho força bastante para recomeçar. Mas recomeçar o quê? Só agora compreendo o quanto, no auge de meus terrores, de minhas náuseas, tinha contado com Anny para me salvar. Meu passado está morto. O Sr. de Rollebon está morto, Anny só retornou para me tirar toda esperança. Estou sozinho nessa rua branca guarnecida de jardins. Sozinho e livre. Mas essa liberdade se assemelha um pouco à morte." E a atendente pergunta se ele não quer escutar pela última vez aquele jazz, Some of these days.
Apesar de velho, vesgo e comunista ( como diria um amigo meu), Sartre conseguiu sensibilidade o suficiente para criar um personagem mórbido, sozinho e cheio de dignidade que nos mostra que a existência é irreal, que as pessoas sempre têm que partir e que os momentos reflexivos são náuseas a nos queimar o esôfago.


A voz canta:

Some of these days
You'll miss me honey

Freitag, April 20, 2007

À amiga ruiva e pré-esquizofrênica (de muito perto...)

Parece que foi a algumas horas que eu via você caminhar tranqüilamente até o hall do meu prédio, ajeitando a franja ruiva, dando o último gole na lata de cerveja e olhando em volta para ver se achava lixo para jogá-la. E me lançava um sorriso travesso, me abraçava e girava e girava para matar as saudades.
Você foi a única pessoa que eu vi ser consumida pelos próprios traumas, e isso para mim é bastante doloroso, já que os seus traumas são os meus traumas e isso quer dizer que eu posso ser a próxima. Para tentar lhe dar um pouco da minha força que na verdade não é força, e sim, um resto de bom senso e preguiça de suicídio, eu fui até você. Eu mal sabia onde você morava, andei de lá para cá, perguntei aos vizinhos até chegar embaixo do seu prédio. Só embaixo, pois você não me deixou sair de lá.
Não se desespere, minha querida! Eu não estou brava! Eu sei bem como é ter medo da alelobiose ao ponto de não reconhecer a sua outra metade da esquizofrenia... Mas foi tão difícil ver a sua mãe tão confusa e escutá-la dizer que você não suporta a idéia de falar ou ver alguém. mesmo que esse alguém seja eu. Eu mandei-a dizer a você que eu estava aqui para o que precisasse, mas eu sei que você não vai me procurar. Nem a mim e nem a ninguém e isso me apavora. O problema não seria eu ir e voltar do seu prédio de mãos vazias e sim eu ir até lá e um dia você não estar mais lá.
Se você quiser partir para sempre eu sei que eu não poderei impedir, mal consigo retardar sua dor. Eu só queria que você se espelhasse em mim, para poder ver que a desgraça pode sim ser digerida, não eliminada, mas o acumulo dela pode favorecer seus anti-corpos contra o mundo em si. A grande verdade é que eu estou tão fascinada pela dor como você, mas se você não mudar sua situação você vai morrer, por favor, não morra.

Donnerstag, April 05, 2007

A janela do ônibus

Mais um fim de tarde em um boteco sujo beira de esquina. Depois de milhares de copos esvaziados, ela se jogou na grama do Shopping e ficou a olhar o horizonte que revelava muitas luzes dos edifícios do outro lado do mar. Luzes coloridas que iam se misturando e formando um mix de cor pelos seus olhos já marejados.
- Vamos Mari, já está na hora.
E ela puxou sua amiga tanto ou mais embriagada que ela, deixou-a no ponto e foi para o seu. Entrou no ônibus e, quando este foi andando rezou para o seu estômago não revirar mais do que já estava revirando. E o ônibus passou pela rodoviária...Mil imagens passaram na sua cabeça como num flashback. A janela do ônibus refletiu a sua face. Um rosto abatido e com a maquiagem derretida se revelou diante do reflexo. "Deve ser isso" - pensou. Então teve a certeza que a atual, apesar de choldra não era tão complexa quanto ela.

Freitag, März 30, 2007

Fim de linha para mim

O tombo foi tão grande que a dor nem veio. Morri de vez. Eu vi meu futuro me dar adeus (puxa, logo meu futuro!), eu não pude fazer nada para impedir que ele se despedaçasse enquanto tentava caminhar para longe de mim. A imagem ridícula de planos e sonhos renegarem a própria criadora e irem se quebrando um a um sem auto-piedade.
E com isso tudo veio a depressão negra...A paranóia obsessiva e a esquizofrenia que nunca desiste de distorcer minha realidade. E eu não posso mais perguntar " E agora?"; já que não há mais perguntas também não há mais respostas, e eu não passo de um monte de moléculas que ainda se mexe por pura lei física e biológica.

Sonntag, März 25, 2007

Ode ao comunista!

Eu insulto o comunista! O comunista - comunista
O comunista vermelho!
A digestão bem-feita de Cuba!
O homem-foice! O homem-sangrento!
O homem que sendo russo, cubano ou alemão
é sempre um invejoso!

Eu insulto a choldra selvagem!
Os ignorantes! Os intelectobostas! Os gananciosos!
Que vivem dentro de corpos proletários,
e gemem sangue de alguns pobres coitados
para dizerem que nós capitalistas que os exploramos
e fazem manifestos sem um ideal digno!

Eu insulto o comunista biltre!
O indigesto feijão com arroz, dono da simplicidade insana!
Fora os que matam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à inveja!
Morte às crueldades em seu cérebro!
Morte ao comunista-mensal!
Ao comunista-cinema! Ao comunista- partido!

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas imorais!
Oh! cabelos nas ventas! Fuças viscerais
Ódio aos temperamentos mesquinhos!
Ódio aos fingimentos morais! Morte à infâmia!
Ódio à subtração! Ódio aos secos e molhados
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao comunista piolhento,
cheirando ao ateísmo!
Ódio financeiro! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Tu! Fora o mau comunista!
E que Mário de Andrade aceite meu cuspe em seu túmulo de bom grado!

Samstag, März 24, 2007

Perder é o que há

Mais um de meus sonhos se desmoronou bem na minha frente. Foi incrivelmente rápido, deu até para bater uma tristezinha, levando-se em consideração que eu não sinto mais nada além do meu corpo reclamando do calor. É exasperante ver do jeito que as coisas mudam de rumo, que promessas são apenas palavras pronunciadas de forma bonita e que até aquele juramente feito com os olhos e com o sentimento deixam de existir simplesmente por nada.
Pode ficar com seu tecido adiposo de estimação, eu não ligo, juro. O que eu queria era outra coisa, bem mais simples do que você achava que era. Enquanto ao meu último sonho desmoronado, eu vou lutar por ele, se eu perder isso o que irá me restar?! (Aos que disseram nada, parabéns).

Dienstag, März 13, 2007

Adeus você...

Eu hoje vou pro lado de lá...
Eu tô levando tudo de mim que é pra não ter razão pra chorar.
Vê se te alimenta e não pensa que eu fui por não te amar...

Eu queria poder dizer que é para você, mas seria como assinar o meu atestado de fracasso. Meu alter-ego não deixaria eu dar a segurança para a "Sra. Insegura". Deixa ela sofrer aos quatro cantos...Enquanto eu alimento a minha perda de todos os dias assim , calada.

Montag, März 12, 2007

Todo mundo precisa de um amor...

Hoje quando vi no fotolog da Ju o texto sobre como ela fica infeliz em casamentos, logo me bateu a mesma infelicidade também. Ora essa, Anna! Você se acha o centro de tudo, só se ocupa com você e ainda por cima não alimenta sentimentos nem por um bichinho de estimação ( eu devolvi meu gato de estimação depois de 1 semana).
Será que eu conseguiria dividir minha vida com alguém?! Sabe, eu até conseguiria...Mas é como um sonho e esse sonho escapa tão rápido que fica só o cheirinho dele no ar...Porque até sonhos tem cheiro e gosto também, que depois de algum tempo passa a ser tão amargo que seu estômago revira á procura de algo para expelir em um vômito mitológico.
Só nos resta ir aos casamentos, falar mal do vestido da noiva, enxer a bolsa de salgadinhos na festa e se iludir dizendo "Ainda bem que eu não me amarrei.", sendo que queríamos nos amarrar e até suportar o hálito matinal terrível da pessoa, sabendo que seria como o mais caro perfume.

Samstag, März 10, 2007

E o resultado do meu teste psicológico foi:

Your Results:
Disorder Rating Information
Paranoid: Very High
Schizoid: High
Schizotypal: High
Antisocial: High
Borderline: Very High
Histrionic: Very High
Narcissistic: Very High
Avoidant: Very High
Dependent: High
Obsessive-Compulsive: High


É confortante saber que eu sou ignorável, doente e desequilibrada mental. Ok, considere apenas o "desequilibrada mental", porque me ignorar eu admito que não é fácil (e o pedantismo ataca novamente...).

Montag, Februar 26, 2007

Falling down...And down...And down...

Aquela teoria de "poderia ser pior" já caiu e muito no meu conceito. Não tenho mais para onde cair, até Satã rejeitaria a minha alma agora. E a sensação de que não haverá reviravolta ou segundo tempo para recuperar o jogo, me faz ficar mais paranóica e mais indisposta.
Chego da escola morta, me jogo na cama completamente encharcada de suor. Para trocar de roupa é um trabalho que só vendo...Primeiro tiro a primeira perna da calça e só depois de meia hora tiro a outra perna. Até vestir uma roupa qualquer, tomar um banho, entrar na internet e ver que as coisas continuam cruelmente iguais. Voltei á época do autismo por oção.
Não posso fazer mais nada, além de não fazer mais planos e nem ter mais sonhos. Faço agora o que me vêm na cabeça. E meu cabelo vai acabar ficando roxo novamente ao invés desse loiro quase aguado de agora. Se o meu corpo pudesse criar vida própria e se separar de mim... Mas todo mundo tem que viver sua vida e só Deus sabe como eu devo viver a minha...



Você se tornou cego, surdo e mudo. Eu lamento que você em vez de me tirar essa dúvida cruel , apenas finja que está sendo educado... Afinal de contas, o desprezo não é nenhum tipo de educação, meu caro. Que tipo de " monstrinho" você se tornou?! Ou o "monstrinho" é apenas a minha pseudo-esquizofrenia tentando me enganar pela milésima vez?! Oh, meu Deus...

Mittwoch, Februar 21, 2007

Back from carnaval

Viagem, mar, sol e areia grudada nos pés. Pela manhã todo sono do mundo, à tarde o mar...E só o mar! Um mar calmo, claro e salgado. Quando o sol estava quase chegando ao fim eu sentava bem na beirada da areia ou perto do pier e ficava olhando aquela visão linda do pôr-do-sol que me deixava fascinada com tanta beleza.
Quando chegava de noite era aquela agitação. Samba e axé, pois é carnaval. Então, larguei Placebo, Radiohead e Pavement de mão. Todos felizes, nenhuma preocupação, nenhuma competição e nenhuma frustração. Mas tudo isso só durou três dias.
Chegando em casa, fui me olhar no espelho depois de tanto tempo sem encará-lo. Tomei um susto. O colo antes branco e sem vida se tornou levemente bronzeado, o rosto antes macilento e pálido estava corado com o nariz levemente avermelhado e não era de choro, era de descanso e satisfação e os olhos...Se tornaram doces e expressivos. Voltei completamente centrada e calma, segura de mim mesma e toda amargura sumiu (ao menos parece). Sou outra, ou talvez o que eu fui um dia.

Mittwoch, Februar 14, 2007

A rotina cretina

Andava pela calçada meio cimentada, meio terrosa. Suas pernas ficavam bambas, pois estava no meio fio e, quando um carro passava sua excitação aumentava, até que passou um caminhão. " É agora! Vou me jogar na frente, vou ser deliciosamente esmagada."- disse. Mas estava com tanta vontade de viver mais um pouco( talvez viver o suficiente para tingir o cabelo, ou provar uma cerveja nova ou conhecer outros lugares) que não se atirou ao caminhão, apenas abriu o portão do prédio e entrou.
Foi direto ao banheiro, abriu a torneira e viu de relance o espelho, que evitou talvez por se detestar tanto que não conseguia suportar sua própria imagem refletida em qualquer lugar, ainda mais no espelho, onde as imagens aparecem claras. Não sabia se lavava ou não o rosto, pois não sabia se estava suja ou suada... Havia muito tempo que ela não sabia mais de nada. Apenas se sentou e comeu. Comeu pouco, a comida ia de um lado para o outro da sua boca e acabava entalada no esôfago.
Tinha tão pouco dentro de si que não sabia se a vitória tinha algum gosto e qual gosto era. Mas sabia o que não suportava: a si mesma. Estava raspando as pernas enquanto pensava cinicamente nisso tudo e... Vaps! Acabou fazendo um cortezinho na perna. O corte aumentou, escorria sangue de todos os lados e ia se tornando pouco a pouco uma ferida enorme e tenebrosa.
Ela caiu ao chão, pois sua perna estava consumida em uma poça densa de sangue e esse sangue escorria de um vermelho tão rubro que lhe saltava aos olhos.
De repente se deu conta que não havia sangue algum e nem corte. Sua perna estava intacta e sadia. Foi quando teve a certeza que a era esquizofrênica.

Mittwoch, Februar 07, 2007

Aula de Geografia

Meu professor com uma sutileza de elefante a falar sobre a situação mundial: "O capitalismo é explorador! O capitalismo é esquizofrênico! Vocês sabem o que é um esquizofrênico? É a pessoa que acha que vê coisas. Ele causa a fome de milhares de pessoas porque é cruel!"
Eu engoli a raiva e a retórica com tanta força e rapidez que meu estômago pesou. Pensei em falar com o cretino após a aula : "Escute professor, primeiramente o senhor não faz idéia do que é esquizofrenia! E segundo que o capitalismo não é cruel, ele é democrático. Eu estou certa e você, errado! E não há nada que o senhor possa fazer sobre isso." Mas daí vi que não ia dar em nada...Comunistas ou pré-comunistas ou são canalhas ou ignorantes demais para poder entender qualquer coisa. Me contentei em anotar as respostas e a pedir que Deus me desse paciência e santidade.

Donnerstag, Februar 01, 2007

A Prova de Verão

Acordei cedo e minha cabeça doía...Não por ter acordado às 6:00 horas, mas porque era tanta fórmula grudada no meu cérebro que parecia que ele ia criar vida própria e sair da minha caixa craniana. Cheguei na escola e fiquei horas parada, esperando chamarem para a prova.
E lá estava eu sentada na primeira carteira, batendo a lapiseira cor-de-rosa e cheia de glitter na mesa. Fazendo as questões...Humm! Os raios betas diminuem sua carga negativa ao novo átomo e pronto! Entreguei a prova com o estômago quase saindo pelo reto.
Nada importava naquele momento e nem agora, o verbo esquecer ganhou tanta forma e vivacidade para mim que eu realmente pude conjugá-lo em voz alta: Eu esqueci. Mas tu esquecestes? Ele esqueceu? Nós esqueceremos, meu bem? Acho melhor eu escolher o outro verbo, quem sabe o verbo desintegrar. E os raios betas ,por acaso, somam e não diminuem sua carga...É...acho que vou parar na dependência escolar.

Mittwoch, Januar 24, 2007

Ego painted grey

As cores cintilantes do lustre do quarto se misturaram quando seus olhos ficaram marejados. Ela estava tão vazia e tão cheia, que não sabia a diferença entre o branco e o preto. Se esvaziava quando o vento úmido lhe cortava a face da pele, que era tão branca e tão macia, fazendo com que pensasse que tudo era extremamente fácil. Se enxia quando, sentia que estava perdendo algo, que não sabia bem o que era, mas sabia que ia fazer falta algum momento e fazê-la berrar de melancolia.
Ela não conseguia entender o por quê de nada, nem mesmo o de ainda estar mentalmente sã, mas espere, ela não estava mentalmente sã. A esquizofrenia a julgava, a fazia delirar em seus próprios medos que eram infantis, mas pareciam tão reais e tão importantes que seus olhos avermelhavam a cada lembrança dolorosa.
Talvez ela achasse que tinha encontrado algo valioso. Repetia para si: " Oh Deus! Meu Deus bondoso e misericordioso! Obrigada por me presentear com essa jóia de valor incalculável!". Mas o que ela jurava que era jóia, era apenas uma bijuteria falsa, que alucinava seus olhos, fazia-a entorpecer diante do que era real e jogar-se aos pés da ilusão. Era apenas a paranóia juntada a uma semi-esquizofrenia, que a fazia ver tudo no momento como se fosse duradouro e valioso.
Mas não era, então ela quis chorar. Não pode. Não sabia por que...Mas a demonstração de seus sentimentos tinham virado simples arrepios gelados a lhe percorrer o corpo. O seu corpo de 1 milhão de dólares, que não lhe tinha trazido nada senão uma redoma de elogios luxuriosos. Mas o que ela não tinha percebido era que, no fundo, não importava se ela fosse linda ou feia, inteligente ou burra. Todos sempre a deixariam sem algum vestígio de culpa na consciência, pois ela estava condenada a ficar só e a delirar em sua própria loucura.

Montag, Januar 22, 2007

Matt e as suas verdades que me fizeram ainda mais pedante

Matt: Sabe, você está sendo bem má.
Eu: Eu??!! Mas eu sou estou respondendo aos ataques!
Matt: Você tem que fazer a pessoa se sentir mal.
Eu: Já fiz isso...Acontece que me permitem ir além disso!
Matt: Sua destruidora de lares!

Em relação a todo esse assunto, eu não tenho nada dizer senão: Não consigo sentir nada, pois não sei de nada. Tudo que posso fazer é manter meu sarcasmo e bom humor diante do fato de ter uma gorda feiosa invejando tudo que eu tenho e que ela nunca vai ter. Porque afinal de contas eu sou magra, linda e incondicionalmente um intelecto brilhante. Aff, estou mais pedante a cada dia que passa...

Donnerstag, Januar 18, 2007

Apatia a olho-nu

A apatia mostrou sua terrível imensidão em mim. Percebi isso quando, para levantar da cama, tive que me rastejar. As vezes a dor é tanta, que eu esqueço até meu nome. Tento escrever sobre tudo, mas é tanta dor, amargura, decepção e apatia para serem digeridos e formatados em escritos, que demora muito.
Estou me rendendo a esse jogo perverso, o qual eu nem sei se é realmente um jogo, ou, uma falta de consideração com o ser humano aqui. Ou se é ainda a esquizofrenia tentando corroer o resto da minha sanidade mental.
Meu anjo, me desculpe...É que as vezes eu sinto tanta dor que parece até que é real. É mais real do que eu imaginava, a dor e não o seu amor por mim. Mas eu tenho que me calar, que pensar nisso, que participar disso e finalmente acabar com isso. Eu te odeio de 5 em 5 minutos, o ódio é tanto que encobre os bons momentos, apaga o passado e demonstra só o presente, o meu tempestuoso e doloroso presente. A vida é um mau ator, que se debate no palco, rasga a sua fala e cai em prantos diante do público...É a peça que representa o idiota. E mais idiota é aquele que não participa da peça.

Dienstag, Januar 09, 2007

A perda só pode nos levar aos sentimentos nobres

Hoje de forma repentina me dei por vencida. Não sei exatamente do quê, se foi da indiferença, da solidão ou de um silêncio. Simples silêncio que podia ter significado um " espere por favor", mas que eu resolvi interpretar como um "não, eu não quero falar com você".
As tardes cada vez mais curtas, em que eu aproveito para estudar a matéria que eu não fiz a mínima questão de estudar o ano todo. Não lembro de nada, quer dizer, às vezes lembro mas é como um trailler de um filme desinteressante que a gente vê e não dá atenção.
"Não confie em ninguém da internet!" - Foi o que minha mãe sempre me dizia...E agora eu tenho que tirar o chapéu para ela. Mas era tão real... A maturidade não me deixa escapar das obrigações, então eu sou obrigada a te dar um adeus...Talvez definitivo, talvez temporário. Eu não sei e nem quero saber, estou fisicamente e mentalmente fraca. Àlcool, THC ou Valium...Nada mas faz efeito no meu organismo. A amargura deve estar debilitando-me cada dia mais.

Donnerstag, Januar 04, 2007

Eu na sala com o psiquiatra

A viagem foi longa. Duas horas até a Tijuca, entro no elevador e chego ao tal andar. Toco a campainha e ele abre:

Psiquiatra: Como vai?
Anna: Bem, obrigada.
Psiquiatra: E então Anna, o que te fez vir até aqui?

Ela abaixa a cabeça e os olhos ficam marejados. Tenta se conter e não olhá-lo nos olhos, mas o olhar dele transmitiu tanta piedade para com ela, que ela mesma se sentiu uma grande mártir.

Anna: É difícil de explicar doutor...Há muito que eu não vivo, quer dizer, vivo mas nunca nesse mundo.
Psiquiatra: Não entendi, minha cara.
Anna: Desde os 4 anos de idade que eu vivo em um mundo paralelo que eu mesma criei. Só que me refugiei tanto nele que, não consigo mais enxergar as barreiras entre o meu mundo e o que é real.
Psiquiatra: Ahh, sim. Mas fale-me mais sobre esse mundo.
Anna: Nele as coisas são menos dolorosas e eu posso pausar e voltar em várias cenas para, se quiser, concertar inúmeras vezes meus erros.
Psiquiatra: Você vive de forma abstrata, pois tem medo de sofrer, então, evita contato com os outros seres humanos. E a propósito, você sofre muito.

Os olhos ficam marejados de novo, só que dessa vez ela chora. O psiquiatra pega um lenço para ela enxugar as lágrimas.

Anna: Me desculpe. Doutor, diga-me, eu sou esquizofrênica, não é?
Psiquiatra: Não. A esquizofrenia não é evolutiva e, nem doente você está. Você tem uma personalidade muito esquiva e também é neurótica, só.
Anna: Está bem.
Psiquiatra: Você terá que fazer uma psicoterapia, para podermos te readaptar ao mundo em si.
Anna: Claro, adeus doutor.
Psiquiatra: Até logo, minha querida.

Eu não procurei fazer uma psicoterapia. Houve uma parte que eu cortei, na qual falava de um assunto que me fez chorar que nem Madalena arrependida. Esse assunto não o mencionei para não expor demais minhas emoções ( não tenho mais 13 anos, né). Infelizmente, a garotinha que lidava com suas emoções de forma tão sofrida e aberta se retraiu tanto, que não tem mais vontade de mostrar aonde dói e nem de se readaptar ao mundo.

Dienstag, Januar 02, 2007

Ano Novo: simples reflexo dos mesmos erros do ano velho

Heloísa, foi realmente tudo de ruim, cara amiga. Eu tenho que te agradecer e de joelhos, por ter me ajudado em minhas idéias psicóticas e esquizofrênicas. Repetindo os mesmos erros de sempre : um a um, sem um mínimo de amor-próprio que mereça ser salvo a ponto de não poder pensar mais em nada, absolutamente nada.
É assim: Uma garota atormentada pelos próprios fracassos fica algumas horas diante do pc, até que ela raciocina que não há nada para se fazer lá. Então, ela se alimenta da vida alheia, dia após dia, recolhendo cada informação. Para quê?! Eu não sei...
Essa ociosidade que me ocupa em todos os dias das férias me cansa. Talvez porque o meu vazio se faz mais presente ,e claro, mais visível. Bar, casa, bar. Por que eu fico tão ansiosa para as férias? Eu não tenho nada, vida é uma palavra alheia e não utilizável para mim. Meu Deus, se eu acumular gorduras no abdômen , tiver uma cara de porquinho e uma mentalidade de criança boazinha e obediente de 5 anos, você ainda me amaria?!
Garotas excluídas, malvadas e ambiciosas já saíram de moda, para minha infelicidade!