Mittwoch, Februar 14, 2007

A rotina cretina

Andava pela calçada meio cimentada, meio terrosa. Suas pernas ficavam bambas, pois estava no meio fio e, quando um carro passava sua excitação aumentava, até que passou um caminhão. " É agora! Vou me jogar na frente, vou ser deliciosamente esmagada."- disse. Mas estava com tanta vontade de viver mais um pouco( talvez viver o suficiente para tingir o cabelo, ou provar uma cerveja nova ou conhecer outros lugares) que não se atirou ao caminhão, apenas abriu o portão do prédio e entrou.
Foi direto ao banheiro, abriu a torneira e viu de relance o espelho, que evitou talvez por se detestar tanto que não conseguia suportar sua própria imagem refletida em qualquer lugar, ainda mais no espelho, onde as imagens aparecem claras. Não sabia se lavava ou não o rosto, pois não sabia se estava suja ou suada... Havia muito tempo que ela não sabia mais de nada. Apenas se sentou e comeu. Comeu pouco, a comida ia de um lado para o outro da sua boca e acabava entalada no esôfago.
Tinha tão pouco dentro de si que não sabia se a vitória tinha algum gosto e qual gosto era. Mas sabia o que não suportava: a si mesma. Estava raspando as pernas enquanto pensava cinicamente nisso tudo e... Vaps! Acabou fazendo um cortezinho na perna. O corte aumentou, escorria sangue de todos os lados e ia se tornando pouco a pouco uma ferida enorme e tenebrosa.
Ela caiu ao chão, pois sua perna estava consumida em uma poça densa de sangue e esse sangue escorria de um vermelho tão rubro que lhe saltava aos olhos.
De repente se deu conta que não havia sangue algum e nem corte. Sua perna estava intacta e sadia. Foi quando teve a certeza que a era esquizofrênica.

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