Montag, März 30, 2009

Pashernate love

"Meras tentativas nós. Mas doces." (C. F. Abreu)


Você só falava anencefalias. Você costumava morrer de rir de tudo o que eu dizia, ou seja, eu sentia que não era apenas uma intelectobostinha cheia de sarcasmos. Você brigava por tudo: pelo meu time ter ganho do seu, por ciúmes do Fabz e tudo o mais. Você sempre foi um bebê chorão, quase um menino-moça.
Você acendia cigarros da marca que eu fumava só para tentar aparecer para mim. Você odiava a gramática, porque sabia que nunca ia escrever como eu. Você me fez querer ter uma família: sete filhos e um carro do comercial da televisão ("A primeira tem que ser uma menina bem sapeca, Ana!"); e só Deus sabe porque eu achava aquilo tão bonito.
Você morria de vontade de berrar aos céus o quanto me amava, mas ficava receoso de que eu o achasse um pândego. Você reclinava a cabeça no ônibus e pensava numa forma de me abraçar logo, e disfarçava o choro, para que o passageiro ao lado não te achasse um maricas. Você fez com que o foco deste blog fosse de mim para você, parabéns!, conseguiu por um minuto quebrar meu egocentrismo. Você dizia que eu era a mulher da sua vida, um sonho e pior: ainda o diz. Você não acreditou nem por um momento que eu fosse capaz de qualquer ato sórdido, mas quis crer, talvez assim conseguisse me esquecer. Anyway, você ainda é um fenilcetonúrico após a ingestão de muito aspartame.

Samstag, März 28, 2009

How to disappear completely

That there, that's not me...


Tinha dormido com a sensação de corpo estranho. Mas estranho era aquele céu cinza-alvejado-brilhante, sem dúvidas. E mais estranho ainda era encarar aquele céu tão feio e que quase me cegava, sendo que não havia vento, ou melhor, até o vento era abafado.
Anteontem acordei saturada. Não que seja uma grande novidade eu estar completamente insatisfeita com tudo, mas incomodava. Da saturação originou-se a tristeza, da tristeza um certo desgosto, do desgosto uma raiva que não veio de mim. Foi inserida por outrens, e mal inserida. O que eu ainda não sabia é que a raiva provocava risos. Ou ainda, que ela fosse tão forte ao ponto de estragar minhas veias. Entretanto, metaforicamente, a substância branca que passeava entre minhas veias transportou o que eu tinha esquecido naquelas horas para meus queridos: dor.
Hoje acordei e basta, tão-só. O céu continua cinza-alvejado-brilhante e a saturação foi substituída pela vergonha de ter percebido que sou tão amada e tão querida por amigos que não tenho o direito de desintegrar, pelo menos não tão visivelmente. Eu sinto muito e como diria Kírilov : "Está tudo bem."

Dienstag, März 24, 2009

Minha alma gêmea come churrasco

Igor: Venha para Porto Alegre, Ana. Assim tenho com quem conversar nos intervalos.
Ana: Fumamos um cigarro...
Igor: Talvez. Conversar sobre literatura, filosofia e política. Sem esquerdismos baratos. Com pedantismos em língua e muito olhar de desprezo.
Ana: Tão-somente. rs

Donnerstag, März 19, 2009

Commercial for levi

Eu sempre impliquei com você. Por usar all star, você era um poser. Por ter um pentagrama você era um falso-wicca. Por usar luvas e meias trançadas você era gay. Mas eu achava divertido te pintar com meu lápis de olho, te emprestar minha cinta-liga preta, a qual eu nunca deixei você cortar e costurar. Porque era a minha favorita, e eu não queria gastar mais dinheiro com o que não fosse bebida.
Eu sempre impliquei com você, e quando percebi que você ria e aplaudia, ao invés de me recriminar por eu berrar, chorar e fumar todos os seus cigarros, bem... percebi que não era tão ruim assim ter uma companhia e deixar o egocentrismo de lado. Percebi que encostar meu rosto - por estar chorando - na sua blusa tão branca e cheirosa de perfume e, manchá-la com meu batom sempre vermelho era confortável, era bonito. Hoje você está fazendo um dos tantos anos de vida que passamos juntos, nos paraísos de concreto, nos bares em que urinávamos sem respirar, por serem tão imundos. Eu nunca mais implicarei com você.



"Drunk on immorality
Valium and cherry wine
Coke and ecstasy
You're gonna blow your mind..."

Placebo.

Freitag, März 13, 2009

Sexta-feira

Hoje é aniversário de minha mãe e acordei pesada. E nem foi pesada de cansaço, ou de tentativa, ou de malogro. Apenas sono que se assemelhou muito ao que virá ser o sopor aeternus. A louça estava toda para lavar e o que parecia preguiça se tornou um serviço rápido, não vejo passar o tempo.
Hoje é aniversário de minha mãe, minhas pernas parecem braços e meus braços parecem palitos de fósforo com nervos que permitem o movimento de levar o cigarro até a boca. No ponto de ônibus vi uma criança-menina que comprava balas acompanhada da mãe. A moça de meia idade sorria bondosamente para a filha, esperando-a escolher os doces. Achei bonito e doído. E o monóxido de carbono dos ônibus somados a esta cena fez meu rosto afoguear.
Subi as escadas do prédio e no próprio corredor acendi meu cigarro. Tragava e olhava para o verde imenso do campus, poucos estudantes no bloco de Letras, vazio. Nunca gostei de verdades, ainda menos de mentiras. Não gosto de mentiras porque sinto o cheiro delas de tão longe... E isso faz meu estômago revirar e queimar. Então caço verdades, mas quando as digo pareço falar em aramaico ou ainda, uma grande piada.
Hoje é aniversário de mamãe e acordei pesada. Dei-lhe um abraço e um beijo. Guardei meu maço de cigarros na caixinha vermelha de sempre, está pela metade. Devorei um salgadinho de camarão e fui ver o espetáculo dos relâmpagos e trovoadas. Não limpei meus olhos, nunca limpo e eles ficam delineados para um todo sempre. Mamãe chamou, limpei o rosto, porém ele estava vermelho. " Ah, filha...De novo?" - um muxoxo.

A voz canta:

Who's gonna save my soul now....
Who's gonna save my soouul noow?!

Mittwoch, März 11, 2009

Who's gonna save my soul?

http://www.youtube.com/watch?v=mhxK2IOywVE


Did I never stop to wonder
Was it possible you were hurting worse than me?
Still my hunger turns to greed
Cause what about what i need?
And oooh...!
Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
Oh, I know I'm out of control now
Tired enough to lay my own soul down...

Freitag, März 06, 2009

Sai breguisse!

Um imbecil perto de outro imbecil é capaz de graduar sua imbecilidade.

Que o amor era cego eu já sabia, mas vê-lo tão hipócrita foi uma surpresa. E não foi uma surpresa desagradável, foi uma daquelas surpresas as quais esfregamos os olhos, perguntamo-nos "é isso mesmo?!", e caímos de rir. Eu com 19 anos - quase uma anciã-, quero (quero?!) um relacionamento com seus altos e baixos. Com brigas, dias apaixonados, beijos ao pôr-do-dol, porres e, por que não?, barracos ( incluindo garrafas quebradas e queixas na polícia, ah Lei Maria da Penha!).
Entretanto, os altos e baixos de um relacionamento são medidos pelo orkut. Amar é ter um álbum cheio de corações, fotos com legendas baratas de pagode, ou ainda, " I love you so much, my baby!". Quando se muda o status "namorando" para "solteiro", você ganha 15 minutos de fama, pois todos perguntam: " mas como assim vocês terminaram?". No fundo, creiam em mim, essas pessoas estão gargalhando de você. Só riem mais quando o status muda para "casado". Aí sim o circo, que é o orkut, fica completo. Quer dizer, ambos se traem, não se amam nem de longe, nem ao menos vêem qualidades um no outro. Mas têm um belo álbum e macacos de auditório ( amigos) que dão uma forcinha para a coisa não desandar (?).
Palavras são apenas fonemas. É, eu tenho que parar com essa mania de ver metáforas em tudo. Alguns tentam dar significados a mais às coisas. Não que realmente tenham, é que se a outra pessoa achar que tem, bem ou mal vai estar presa a isso, lamentavelmente vencida pela esquizofrenia e longe da exatidão. Enfim, que armem o circo para o palhaço morrer queimado de vez. E biltres, mil vezes biltres, os fabricantes de cerveja preta que põem tão pouco álcool nela.

Dienstag, März 03, 2009

No surprises


Mesmo com o pesar de afundar-se obrigatoriamente - a outra opção seria o tédio -, mesmo com a visão embaçada pela opaca película da mentira, mesmo torcendo os pulmões para aguentar o evanescer e toda essa nicotina barata, mesmo sabendo que emergir só piora pelas ações voltarem-se mais à demência do que à sensatez. Ainda assim, é doce.