Montag, September 15, 2008

Maybe i don't really want to know...

Trocando as pernas na volta para casa -depois de desviar de todos os olhares que diziam: " céus, uma criança bêbada!"-, e correndo para o telefone. " Você não faz o mínimo esforço, blábláblá..." Que injusto. Muito injusto. A vergonha deve ser mesmo totalmente solúvel em álcool.
Nariz vermelho e fungante, olhos imersos naquela solução aquosa-meio-salgada, manchas de delineador preto por todos os lados.

Substituindo a frase final pela máxima de um ex: " Ana, você ama é um caralho!"

Freitag, September 05, 2008

Nostalgia

Ontem eu lembrei qual era a cor e textura do seu cabelo. Lembrei do tipo de olhar que me lançava quando estava envergonhando mas comovido. Da suas mãos que ultrapassavam as minhas e mesmo grandes eram graciosas e tinham medo de me machucar. Também da sua saliva com gosto de tabaco e da sua preferência por vodka. Do sorriso que raramente surgia mas iluminava e me deixava tranqüila, sobre como eu não tinha dito/feito alguma bobagem. Lembro dos trajes sempre pretos, do ódio ao verão muito quente. E todas as conversas que sempre terminavam e começavam em risos estratosféricos.
Agora, só resta a mim transformar tudo em peças de quebra-cabeça de minha vida. Quebra-cabeça que eu não sei ao certo se causou um curativo enorme em alguma parte e, ainda se causou, o por quê disso. E montá-lo. Porque não dá para viver sem passado. E cada toque de reencontro talvez seja seguido de algum berro de dor, cheio de afetação. Pelo fato de não ser mais tudo novo, ser apenas continuação. Detestamos continuar, acho que é porque dá muita preguiça de tudo. A preguiça de persistir ainda é maior que o medo de qualquer coisa nova.
Porém, não dá para simplesmente passar o resto de vida deitada tendo fé de que " recordar é viver", sendo que a verdade é que " viver é recordar" - e algumas partes criar algo novo que mais tarde será revivido, claro-. Estamos sempre chorando no colo do passado implorando por mais. " Mais" o quê? Se vai chegar finalmente o dia em que não há de se querer mais. E vai sobrar o menos, menos de si mesmo diante de qualquer tentativa. Outrem cheio de expectativas por experiências vai querer mais, mais e mais. O que há de se fazer quando só se tem menos diante de quem quer mais? Nada. O que é pior... pois, em seu próprio malogro e subterfúgio de todas as coisas possíveis o outrem vai se encantar diante de tanta miséria. Serão: um menos e outro menos, menos.