Samstag, April 13, 2013

Düsseldorf, 13 de abril de 2012.

  Fiquei sem internet e passei a me calar. Doi menos assim. Passei a viver sozinha na grande Düsseldorf, um apartamento. Quarto, cozinha, banheiro. Uma janela pequenina, branca nas bordas com uma bela vista, no parapeito uma xicara de cafe que eu faco de cinzeiro. Muita beleza, como a que vejo todos os dias aqui, nunca sera suficiente para tratar um porco espinho do avesso, logo me machuco.
  Hoje foi assim. Pegando o trem vi um belo sol com ceu azul, nao esta mais congelando. Diante disso e da natureza florescendo ao meu redor, os meus olhos se encheram de uma tristeza profunda e comecaram a transbordar. Os outros passageiros se comoveram, entao todos ficamos muito tristes, talvez a pior viagem daquele trem.
A solidao no velho mundo se multiplicou, tomou forma e cresceu de tal jeito que dispensou a amizade com a ausencia, comecou um relacionamento firme com a presenca e tem me destruido por dentro. Um pequenino de enormes olhos azuis e cachinhos loiros tem feito todos os dias curativos no meu cansaco e sofrimento, em troca eu o ensino a andar e pronunciar as primeiras palavras em alemao. As vezes, quando a tristeza e dupla, eu canto para ele em portugues e o rostinho delicado e rosado logo se ilumina agradecido.
  Ha promessas de uma viagem a uma ilha entre a Dinamarca e a Alemanha para o proximo mes, mas minha falta de lugar no universo e mais forte que qualquer excitacao sobre viagens e afins. Tenho vontade de caminhar, mas ainda nao sei para onde. Minha falta de lugar no mundo so aumenta. Enquanto isso mando cartoes aos amigos pelos lugares que passo, empesteados com a minha miseria pessoal, mas sem duvidas com muita saudade. Auf wiederschmerzen.