Samstag, November 24, 2007

"Mas na sombra teus olhos resplandecem enormes"

Não interessa se não mudar, ou, se não voltar ao pretérito mais-que-perfeito. Eu não me importo e não digo isso como uma despeitada ou como uma raposa de La Fontaine que esnoba uvas verdes.
Passou, passou e foi só ver algumas fotos-lembranças para ver que nada faz falta mais do que meu egocentrismo. Tenho mantido meus olhos muito fechados de dia para não ter que me ver ou cuidar-me. Abro-os à noite, e eles resplandecem e causam pena, quase repugnância.
E doa a quem doer, Belo Horizonte e São Paulo aí vou eu. Chega de promessas não cumpridas e fatos internéticos, eu sou de carne e osso e não tenho mais medo ou vergonha de ser.

Mittwoch, November 21, 2007

Happy Birthday To Me

Bolo e guaraná, acordei muito cansada como sempre. Tomei banho e fui até o ponto de ônibus com os cabelos ainda molhados como sempre. Não copiei o dever, como sempre. Porém, minhas amigas muito fofas de sala me fizeram uma festinha surpresa. O bolo/torta muito over e que ninguém conseguiu engolir, o que fez com que distribuíssemos para todos os funcionários do colégio e o guaraná que ajudou a empurra o bolo/torta guela abaixo.
Bolo e guaraná, a Ju me buscando na escola com um sorriso enorme e me deixando perplexa me dando parabéns ( Ju nunca dá parabéns a ninguém).

- Ora essa, Carol! Eu não gosto de você, por isso te dou parabéns! - disse.

Bolo e guaraná, a cerveja única que podemos pagar hoje, dias de semana nos deixam duras. Os rapazes da UFF saindo da aula e nos desviando olhares, o sol tão forte e tão quente que me fez lembrar Novembro. Ressoando na cabeça N O V E M B R O!

Bolo e guaraná, para todos os outros que tiveram o privilégio de nascer no mesmo dia que a criadora da criatura Felluina.

E o post foi alterado mais uma vez, porque toda tentativa de fazer algo certo sempre irá por água abaixo.

Montag, November 19, 2007

Querer muito e saber que não é poder

Eu sei que você precisa de ajuda. Talvez precise até mais do que eu e considerando que eu sou uma maníaca depressiva pré-esquizo, bem, isso é ruim. Porque cansa - e muito- fica horas pensando e despensando como e o que eu posso fazer para te tirar dessa apatia, desse ceticismo. Não posso, definitivamente.
Queria tanto, mas tanto - mas tanto!- que certas coisas nunca mudassem, como éramos crianças bobas e bêbadas e não tínhamos essa de " pensadores". Quem pensa, se ferra, essa é a verdade. Entretanto, já passou a hora de trocar de cérebro e atitude, não há mais jeito. E vou continuar a assistir você se desintegrar, sem poder lhe oferecer a mão [já que sei que seu machismo não vai deixar você agarrá-la]. Estamos lúcidos, como se tivéssemos para morrer. Ah, Pessoa! Cale a boca novamente!

Sonntag, November 18, 2007

Preto e Branco

A minha analogia agora é preto no branco. Sim, porque as coisas, gostos e pessoas estão com o ego cinza. E não é um preto e branco das fotos que disfarça imperfeições e dão charme à imagem.
Posso dizer que o mundo poderia estar colorido e super bandeira gay, mas não faz mais tanta diferença. Todos eles que eu tanto prezava e que deixei um a um se desintegrar como se tivessem alguma meia-vida. Mesmo querendo ainda morar no miocárdio de cada um deles.
Preto, branco e colorido, poderia até ser sepia, porém não muda o rumo de algo. Percebem? Eu utilizei "rumo" ao invés de "sentido", porque não há mais. E saber que o que poderia ter sido e não foi e nunca vai ser, e mais ainda, que eu não sou nada a não ser pelos meus sonhos, cansa. E não quero mais explicar o por quê, também cansa. Cansa na insignificância de saber que o lindo já se foi e o que é e vai ser ruim, ainda está por vir. Viver e só. A outra opção é deixar que os vermes façam o trabalho da meia-vida. Eu não sou nada. Não há sonhos. Pessoa, cale a boca.

Donnerstag, November 08, 2007

I'm so tired. I can't sleep (2)

Porque a hipnopédica não funciona mais, já que eu não posso nem dormir. Mas durmo e acordo como se nada tivesse acontecido ou como se tivesse perdido parte da minha vida em algumas horas. Mais uma paranóia.
O grito que não sai porque o choro preso na garganta não o deixa sair, a garganta que é seca e faz engasgar em poeira e sofrimento. Os olhos; "Olhos tão tristes" - como diria a Laís, perderam até a tristeza na tentativa de tentar salvar partes irreparáveis.


E a outra parte do post se foi, porque o choro conseguiu sair e fazia doer os olhos quando eu olhava para a lâmpada do banheiro. Os braços agarrando as pernas brancas e logo depois tentando agarrar as paredes planas, os azulejos... Mas todo mundo tem que viver sua vida e só Deus sabe como eu devo viver a minha.

Dienstag, November 06, 2007

A quase doce terça-feira

Ônibus, 7:10 da manhã. Hoje foi um dia nublado, mas com os raios solares tímidos por trás das densas nuvens cinzas. Uma menininha entra no ônibus, devia ter seus 8 ou 9 anos, senta-se do lado do que parecia ser um homem estranho. Não era. A menina sentou-se ao seu lado e lhe deu um abraço tão apertado e um beijo tão carinhoso que eu até fiquei comovida de algum modo.
Logo, a menina teve que descer para a escola. Eles se olharam e o homem que devia ser algum parente da menininha lhe olhou como se a fosse ver pela última vez. Um último beijo e um último abraço bem apertado e ela desapareceu sob a neblina de chuva.
Na volta da escola, me deparo com um mendigo na calçada. Ele estava desmaiado - provavelmente de muito bêbado- e um denso rio de vômito escorria-lhe da boca. Eu levei meu punho delgado até a boca, como se eu fosse vomitar com a cena. Como se realmente eu já não tivesse passado por situações - e pessoas - enojantes.
Depois do abraço, vem o vômito.

Samstag, November 03, 2007

Chá e vermute

Ela repousou seu chá na mesa de mogno e deu um suspiro profundo. Tamborilando com os dedos e decidindo como transformar um dia abafado em algo produtivo. Já menina ficava horas com o olhar voltado para as chuvas de julho, chuva densa e suave em toda a sua magnificência. E estendia suas mãozinhas delgadas e se deixava encharcar, fascinada.
Abandonou o chá na pia de mármore e se atirou ao chuveiro. Ainda com os longos cabelos molhados, jogou por cima camiseta e calça, do tipo Levy's. " Jeans de hippie"; já dizia sua mãe. Foi ao Jack's Bar, há um bairro de distância. Sentou, pediu um vermute e engoliu de uma só tragada. Acendeu seu Camel e tragava como se fosse o último.
O garçom de dentes amarelados ofereceu outra dose. Quando já estava na 8ª dose, seus cotovelos repousavam no balcão, as nádegas se aconchegaram ao banco confortável mas tudo girava absurdamente. Apesar do ambiente á meia-luz, da porta de vidro dava para ver as luzes da cidade. Luzes que se misturavam e formavam cores que chamavam mas feriam os olhos.
Lágrimas surgiram. Não se sabe como e nem o por quê, mas surgiram. E lavavam seu rosto pálido como se quisessem refrescá-lo do calor. Voltou ao seu apartamento. As lágrimas ainda não tinham ido embora. Ela sentou, de cocoras no chão. " Meu sofá! Meu sofá! Ele só tem três lugares!". E se descabelava e grunhia e se espalhava ao chão. Talvez nesta metáfora trançoeira ela quisesse enganar-se contra o próprio abandono.