Mittwoch, September 30, 2009

Das maldades que o Grande Ego faz

Eu zanguei numa cisma, eu sei
Tanta birra é pirraça e só
Que essa teima era eu não vi
E hesitei, fiz o pior
Do amor amuleto que eu fiz
Deixei por aí
Descuidei dele, quase larguei
Quis deixar cair.
[Los Hermanos - Paquetá].


De um dos primeiro dias chuvosos sem álcool na minha vida. Nunca dá certo. Tenho algum post sobrando no meu caderno para pôr aqui. Mas não gosto de nada, enjoei da vida, já disse, ela acostumou. Vontade de arrumar as malas.

Dienstag, September 29, 2009

Tristeza do Cronópio

Na saída do Luna Park um cronópio percebe que
seu relógio atrasa, que seu relógio atrasa, que seu
[relógio.

Tristeza de cronópio diante de uma multidão de famas
mas que sobe Corrientes às onze e vinte e ele,
objeto verde e úmido, caminha às onze e um
[quarto.

Meditação do cronópio: "É tarde, mas menos tarde
[para mim do que para os famas,

para os famas é cinco minutos mais tarde, chegarão
a suas casas mais tarde, se deitarão mais tarde.
Eu tenho um relógio com menos vida, com menos
[casa e menos deitar-me,

eu sou um cronópio infeliz e úmido."

Enquanto toma café no Richmond da Rua Flórida,
o cronópio molha uma torrada com suas lágrimas
[naturais.



{Histórias de cronópios e de famas; Cortázar. p. 113-114. Ed. Civilização Brasileira.}

Samstag, September 26, 2009

É pertimento?

O Waltinho é um querido tão querido que se deu o trabalho de digitar a carta que a Clarice mandou para o Sabino em alguma parte de...1946? Sim, 1946. Não canso de reler a carta. Porque a Clarice me pareceu bem diferente nela. Como o próprio Wal disse " Ana, você está acostumada a ver Clarice em perfil de orkut dessas menininhas ?"; e não é que ele me conhece?rs. Clarice me pareceu tão perdida e marcada quanto Kafka, tão firme nas certezas da dor e das maldades que a vida traz quanto Mann. Enfim, estou bem. De uma paz que não tem tamanho. Sei lá pelo quê, sei lá. Clarice disse para o Sabino que até cortar os defeitos é perigoso, pois até pequenas coisas podem sustentar o que somos; é aí que eu vejo o quanto me compliquei. E o quanto não ligo, porque estou desde não sei quando pulando poças ( como em Hoppipola - Sigur Rós), sorrindo gratuitamente por nada, paz assim que voraz saiu atravessando caminhos, se instalando, se apresentando de forma convincente. Lembro de uns anos atrás, quando eu terminava a garrafa de alguma coisa com álcool e rodava e rodava e procurava afoita alguma grama e me atirava nela; e eu via um mundo azul ou cinzento ( dependendo do dia), minha melhor amiga na época ficava sem entender nada. Eu não entendia como ela não entendia.Tive uma prova fofíssima de deutsch I hoje, não pude tomar sorvete de casquinha ( céus, como isso me lembra Elizabethtown!) pela garganta infeccionada, não pude nem ao menos comemorar meus dois meses de namoro. Lembrei agora que a Ly disse que eu fiquei louca, poxa vida Ly, logo agora que estou saindo da loucura? Logo agora que a vida acostumou, ou melhor, que a vida acostumada já foi e agora deu possibilidades de tudo? Não canso de dançar this charming man, os cabelos vão para a direita, para esquerda, os pés balançam, tudo balança. Como gosto dos Smiths! I would go out tonight, but I haven't got a steach to wear... Talvez eu esteja mais para Àgaetis Byrjun, um bom começo. Abraço apertado aos leitores ( e que me girem até meus olhos se perderem do foco do sol loiro e gotejante).







Post Scriptum: Mein Gott!,como tenho saudade do meu batom vermelho e do meu amor pela Courtney Love.

Donnerstag, September 24, 2009

Sobre alguma lucidez

"Assim, fecharemos o círculo das coisas não acontecidas,
que em nosso ofício, como na vida,
guarda o segredo, o significado mais profundo,
de tudo o que é."
{ Esta história. Baricco}



Estou hoje triste, eu já faço idéia de que isso há muito não é grande coisa, ou grande novidade, mas acordei ao menos. Com o céu mergulhado na baía e nos prédios, todos muito cinzas, daquele cinza branco que me faz sentir em algum livro de Kafka. Estou hoje triste, o céu desistiu de ser cinza-branco-irritante e resolveu ficar de um luto cinza-acinzentado para mim, talvez o céu tenha acordado assim por mim hoje, talvez. O céu acordou assim: chorando, como nunca o vi chorar antes. Pedaços de monóxido de carbono me aguardam por toda a parte, grande reverência ao destino.
Estou hoje triste, de acordar com a garganta doendo não sei como, de acordar febril sei lá pelo quê. De ter prova de alemão daqui há 2 horas e saber tudo sobre können, müssen e o particípio II até dos trennbare verben me soa estranho pela rapidez. Arthur está orgulhoso, Kant bateu palmas, mas Fiódor me pertubou a noite inteira. Só porque em mim nunca houve bondade, e ele dizia " Certamente você tem algum problema, nunca vi alguém ter nobreza e não ter bondade."; eu mo falo sempre. Eu só quero ( como sempre diz a Ly) caminhar sem rasgos nos pés. A certeza de qualquer coisa não traz felicidade, claro, mas a questão não é essa, a questão nunca foi essa.
Estou hoje triste, estou com febre e não entendo. PelamordeDeus, vocês queriam que eu fizesse o quê? Não quero ser a pedra de Drummond e sei que qualquer retirada traz novos caminhos, talvez sem manchas. Eu sempre fui boa com verdades, mas nunca gostei delas. É estranho como não trazem nada de bom. Eu não entendo como só o amor conhece o que é verdade, mas droga!, eu não posso desmentir a carta de Corínthios. Eu não posso fazer nada, estou atada, me rendi. Fui castigada sei lá pelo quê, e bem, não quero que ninguém mais sofra as conseqüências desse castigo. Talvez com isso eu consiga algum perdão, alguma folga, talvez um fígado novo. Talvez mais rasgos pelos pés, não suporto ver ninguém chorar, já nem choro mais. Na verdade, eu nunca soube o que era chorar, nunca me permiti a certas coisas da vida. Será o meu orgulho que fez Jesus ficar tão bravo comigo? Só estou cansada de sair rasgando o destino e ficar tentando puxar o passado, Gatsby morreu por tentar puxar o passado e se eu tiver que morrer de alguma coisa, bem, não vai haver nenhuma novidade quando eu morrer. Eu sinto muito, Mutter. Eu sinto muito, Vater. Eu sinto muito, freunde. Mas todos sabem que caminho dá isso.



A voz canta:

I've waited hours for this
I've made myself so sick
I wish I'd stayed asleep today...

Mittwoch, September 23, 2009

Manchmal träume ich schwer

Eu não entendo como consigo questionar não questionando. De que vale a pergunta se eu não dou a mínima para a resposta? Estou cansada, fim. Nunca vi uma imagem tão plácida do fim, tão simples, tão "só isso, poxa vida?". Eu sonho muito pesado. O mais irônico é que nem é tanta coisa assim, talvez eu seja simples demais e não saiba. Mentira, sei sim e saber nunca foi um diferencial para que eu caminhasse sem fazer questão de dar tropeções por aí. Vê-se alguns pedaços da Ana pelo chão, reconstituídos claro pelo grandiosíssimo-querido-amado Grande Ego. Não andar paralelamente, não aceitar que meu patamar é solitário fez-se criar a ilusão de tudo palpável, de tudo das cores que são. Eu não vejo tudo preto e branco mas vejo de fora. É crueldade demais, não fui eu quem escolhi, droga.

Freitag, September 11, 2009

Com a palavra, o Grande Ego

Ana está brava. Se eu dissesse que ela está triste seria mais cliché, seria mais fácil. Mas ela só está muito brava. Tentei reconhecer os traços de doçura juvenil que todos exaltam nela e não achei, havia muita raiva naquele rosto jovem. E vermelho, de raiva. Ana sempre compactuou com a verdade, por crer que só a verdade liberta, salva. Por aquelas palavras bíblicas que ela ficava repetindo e sorrindo enquanto bebia água, ou lavava a louça, ou acendia um cigarro. Sobre só o amor conhecer o que é a verdade. Se passou longe da verdade era porque não era amor, mas como explicar isso para ela? Desperdício de sentimentos equivale à desperdício de tempo, tempo que usamos para procurar, para preencher, para produzir. E quando tudo o que se produz é raiva, injustiça, tudo toma uma proporção catastrófica e do olhar bovino-esperando-algo migra-se para o olhar de estupefação doentia, e raiva.
Permaneceu com os braços estendidos até que se alcançasse uma infinidade de braços estendidos e talvez todos os braços do mundo estendidos pudessem fazer a diferença. Mas não fizeram. E nem o número de verdades também. Porque você aprendeu com Arthur que o homem mascara pensamentos e não importa o que você diga ou faça porque a realidade é irracional na tentativa do homem provar sua racionalidade. Ana está brava e eu tenho culpa, porque ela nunca vai brilhar mais do que eu. Ela é a pobre-irmã-feia-sem-atributos perto de mim, quem a sauda não a vê, me vê. Ninguém a serve e nem era isso que você queria, não é Ana? Você quis pouco e não foi ouvida, você quis pouco e não recebeu verdades, só amostras de como a realidade não é real. Então, você vai pôr o rosto no sol novamente e esfregar contra o lençol da cama, empurrando o nariz, tentando prender o choro, e adianta? Nunca adiantou. Como aquelas marcas ( você acha que eu esqueci aquelas marcas no braço esquerdo?), que permaneciam e reapareciam por dias a fio, eram apenas para aguentar firme, eu sei. O destino lavrou o seu rosto, como o semblante Almayer, como cerveja entornada no chão com cacos de vidro em volta. E você nunca, nunca vai ter a sua coroa. É um esforço já vão.

Montag, September 07, 2009

Haicais

Também conhecidos como "hai-kais", ficou a vontade do post anterior de postar alguns aqui. No fim da tarde separei alguns sobre o inverno do livro As Quatro Estações, tão lindos:


A mulher abraça
a garrafa de cachaça.
Miserável casaco.

{Jorge Lescano}




O velho casaco
esquecido no cabide.
Frio da ausência.

{ Olinda Marques de Azevedo}



Depois da geada
nas faces do espantalho
lágrimas geladas.

{ Roberto Saito}


Terminado o livro estou pulando para outro do Caio: " Onde andará Dulce Veiga?"; um dos contos de "Triângulo das águas" ( já lido) vale destaque : O Marinheiro. Algo como encharcar as páginas com as lágrimas de tão triste que é. Talvez porque haja muita realidade e não uma realidade brutal-nua-e-crua-se-assustem. É uma realidade de completude, de 'é assim mesmo, velho' e etc. Depois de tantas dicas só me resta desejar boa leitura, eu disse 'boa leitura'. Não é para se aproveitarem de minha loucura por livros e escritores bons e saírem colando frases e trechos que eu posto deles aqui. Obsessão de ser Ana, que coisa.

Sonntag, September 06, 2009

Novos chuchuzinhos da Ana

Grüss Gott, estou com um dos joelhos estourado por um porre homérico de Heineken ontem. Tudo muito vergonhoso, ressaca moral, a cabeça parece que vai explodir e como diria o Igor: " dignidade, cadê-la?". Also, also... Deixo aqui a foto dos meus dois chuchuzinhos-bilú-bilú-gutchi-gutchi-má-que-coisa-linda:



A capa do Blaue Blume me lembra um clipe do Sigur Rós o qual nem lembro o nome, algo sobre dois meninos homossexuais que se beijam bem no meio do campo de futebol, o pai de um deles sai puxando o filho mega-machão-revoltado-humilhado-perante-a-sociedade, rs. Bonito. Diga-se de passagem que foi presente do Victor (que também atende pela alcunha de meu namorado, rs), os olhos se tornaram duas Vênus quando o vi tirar da mochila o exemplar, que veio de Goiás e demorou quase um mês para chegar. Que vergonha, pleno Rio de Janeiro e ter que importar livro de Goiás ( sem bairrismos, palavra). O Langenscheidt eu ganhei de mutter, tão fofa parcelando em 75 vezes no cartão, ele teve que ser benzido, claro ( aonde vou o olho gordo em cima do pequeno-grande-amarelinho é forte, rs).


Outra coisa: hai-kais, nossa, poemas japoneses sobre a natureza, sabe? A tia- da Marina, Fanny Dupré, escrevia e nossa fui dar uma olhadinha em As quatro estações e, que bonito! Simples descrição de alguma estação do ano na visão de cada um, um chuchu. O Ricardo, also, me emprestou um do Millôr ( depois de eu ter batido pezinho e puxado a barba dele dizendo: trouxe? trouxe?). Então, o livro tem ilustrações e tudo bonitinho, mas falta leveza. Não sou mais adepta da cara de pau ( quer enganar a quem, Ana? - Grande Ego berra aqui), e nem das literaturas beatniks, ainda mais depois que todo mundo virou Bukowski e sabe de tudo do monóxido de carbono, bah, gente intrometida que quer a qualquer custo virar blogueiro-quase-escritor-mega-badalado, mania de comentar as vergonhas alheias, humpf. Enfim, o joelho continua doendo mas o sol com chuva e neblinas lá fora tá bonito demais, ainda bem que estou sóbria ( é milagre, é milagre!).