Freitag, Januar 25, 2008

Estamos sempre fugindo de casa

...Sobre como eu diminuo até cair ou desaparecer...


Era mais um dia nublado, poderia ser sol ou meio-termo, já não importava muito. Abrir os olhos que resplandeceram a noite toda e bocejar com a boca mais amarga da face existente. Anteontem e ontem eu era só a garota mais deprimida do mundo, hoje sou apenas um holocausto. O holocausto de 1,58m, rosto pálido de fazer-se internar e grande sarcasmo, que não serviu de muita coisa até agora.
Encontra-se ainda amigos existentes na rua, na escola e na internet. Porém, de que adianta ter amigos quando não se pode apreciá-los?! Foi assim que eu aprendi a vê-los de longe, crescerem sem mim. Nunca fui de afundar, não precisava, afundaram-me por mim. Não é assim que se empurra com a barriga os anos a fio? A dona de casa a lavar louças, o empresário teclando no laptop até ter uma tendinite e ainda um operário a perder um membro e ainda conseguir no maior malabarismo alimentar seus 728 filhos.
Os dedos aflitos tentam ainda em vão substituir a boca amarga e a voz que vem de muito longe... Voz que não diz, voz de medo, na verdade, era para ser uma grande voz de perdão mas narcisismo serve para isso, para não nos deixar por baixo quando estamos realmente por baixo. Então, os dedos batem devagar as teclas na certeza de que se salvará ainda alguma parte pelo nada. Os olhos enormes olham ao redor, tão medrosos e suplicantes! Dedos não dizem o que a alma ordena, quando se perde a própria essência então a coisa toma proporções maiores. Não passo de muitos nervos, alguns os remédios, lamentações e a esquizofrenia destruíram.
Tudo em ordem. Na vida, eu nunca chuto o olho da pessoa ao qual eu rio sem vontade. Isso não faz diferença quando se é indiferente, entretanto, quando não se têm mais nada a perder...Bem, quando não se têm mais nada a perder é melhor dormir, o sono tenta enganar o choro, as lágrimas ficam em poças na fronha do travesseiro... E o nome...Qual era mesmo o meu nome?

Sonntag, Januar 20, 2008

E de tudo...

Não sobrou nada além da veia ferida pelos medicamentos, o estômago que virou um poço de acidez fazendo a pepsina se sentir inútil e uma certeza única, essencial, infelizmente essencial porque sustenta todo resto.
No hospital foi difícil. Dias deitada naquela cama eletrônica e ficava brincando com o controle remoto dela. O calor insuportável que nem o ar condicionado ponderava, o pescoço escorrendo, mas o rosto...O rosto era o mesmo, porém mudado. Estava tão branco e tão inocente como se tivesse 10 anos novamente. Eu estava envelhecendo dentro daquele quarto, menos meu rosto.
A camisola rosinha de gatinho talvez tenha ajudado ao fato das enfermeiras acharem que eu era da pediatria. Já nas últimas, quando o braço já estava inchado, mas inchado de não se aguentar mais, eu chorei. Chorei como há anos não fazia, porque normalmente meu choro se baseia em olhos marejados e em lágrimas retidas. Uma vez me disseram que quando eu choro o mundo pára para assistir, como uma peça de teatro. Dito e feito, a enfermeira ficou tão cheia de piedade que tirou o catéter do meu braço inchado.
Depois do calvário, a redenção. E a volta para casa, a cidade maravilhosa que na verdade é tão cinza quanto a nossa vizinha São Paulo, estava me esperando. Monóxido de carbono, estômago ardido, esquizofrenia, mentiras, olheiras, palidez e sofrimento. Eu sou um holocausto.

Montag, Januar 07, 2008

E os olhos resplandeceram imensos

Aquela tarde seria o total, ela sabia. Não passava em sua massa encefálica nem a provável idéia de desistir, era fato e conseqüência certos. Andara tanto pelas ruas, subidas e descidas atrás daquela coisinha que talvez nem espalhasse pelo seu sangue, mas todo esforço era válido.
O quarto negro, as persianas balançantes e o ventilador em seu rosto. O cinzeiro em mãos, a cada trago uma dormência. E como se o tempo não tivesse se movido, já atravessava a porta em direção à rua. O vento batia em seu rosto e olhos, mas ela não sentia seus olhos. Era como se fosse cega, mas enxergasse com algum mecanismo das fibras oculares. Os ombros tão dormentes e nada caídos.
Algum tipo de auto-confiança em restinhos verdes acenderam-se nela. Olhar calmo, confiante, mas não era altivo como outrora. Passeava assim até encontrar seu amigo de infância: short, all star e uma blusa caída nos ombros com as alças do sutiã à mostra.

- Olhe bem para mim. - disse ela.

Ele olhou-a, deu uma leve risada confiante e os dois saíram juntos, completamente verdes e calmos.

Dienstag, Januar 01, 2008

01/01/2008

Depois do encontro, da cerveja e logo depois do porre de tequila e Absolut, sobra a certeza de pelo menos um início de ano novo muito próspero. E do ano anterior sobra as amizades, as músicas e os porres. E se vai - ou já até foi - a inércia e a importância que certas coisas devidamente não têm e insistem em se fazer presentes. A presença que se funde na esperança de cada minuto por cada palavra. Palavras que não necessariamente o tempo leva, mas a própria vontade de ter como o dito que não foi dito, mas foi e só porque não é mais não quer dizer que se perca em tempo ou espaço.
Para os que não puderam estar com os amigos se divertindo ou simplesmente acharam que não havia nada a comemorar que saibam que deixar para trás não só os próprios erros mas também os erros alheios já é um grande passo. Felicidade e sucesso para todos aqueles que merecem meus cumprimentos.



"Não há porque chorar por um amor que já morreu,
Deixa pra lá, eu vou, adeus.
Meu coração já se cansou de falsidade"

Los Hermanos.