Freitag, Mai 25, 2007

I'll take a quiet life and a handshake of carbon monoxide...

A teoria de que eu sou uma garota incrivelmente vazia veio à tona. Foi mais simples do que eu achei que fosse provar isso. Estava eu em um concurso de redação, teria que fazer uma dissertação e o fiz. Obra-prima, extraordinário. Até saber que eu não fui convocada, meu Deus como eu fui esquecer que dissertações tem que ser vazias?!
A verdade é que eu nunca consegui escrever uma dissertação, se consegui com certeza foi com muito esforço e pressa. Acontece que quando se é vazia (como eu, claro), os textos saem com um espírito tão malogrado que parece até que o texto cria vida e pede ajuda. Meus textos pedem ajuda, eu não.
Sem mais dramas mexicanos, simplicidade... Acho que a simplicidade é prenúncio da paz. Não que seja condenável estilo de vida agitado, mas essa paz...De acordar de manhã respirando fundo, apreciar cada fio de cabelo, sorrir para seus amigos ( ou o que vocês acham que são seus amigos), fazer as coisas com calma e precisão. Sem alterações, sem medos, sem falhas. Vida, me dá mais uma chance?

Mittwoch, Mai 16, 2007

Meu egocentrismo ainda é muito falho

Parece até TOC ficar esperando algo que não se deve esperar. Fazer os mesmos movimentos, os mesmos pensamentos, as mesmas ilusões e enfim as mesmas decepções somadas a confusões. As minhas confusões se somam tanto que acabo exausta jogada na cama sem saber o que é bom ou ruim, para mim ou para vós? Vós? Não era nós? E seria nós dois ou nós três? Ou haveria um quarto(a)?!
Dentro disso tudo me sobra um pouquinho de vontade de entender...Entender, largar, abrir um livro, passar no vestibular, fazer o projeto voluntariado para hospícios e enfim poder dizer que posso procriar, pois fiz algo que valesse a pena com todo esses átomos de carbono (negativos) que me compõem...

Freitag, Mai 11, 2007

Help me, Newton!

1- A lei da inércia: meus sentimentos são constantes à medida que você não os anula criando amor malogrado por hipopótamos (só Deus sabe o que eu quero dizer com "hipopótamos"...) e estourando minha cota pré-inicial para humanos de imbecilidade.

2- A lei da aceleração: a aceleração de um corpo é diretamente proporcional à força que age sobre ele e inversamente proporcional à sua massa. Injusto, até em massa somos antagônicas mas se levarmos em conta a massa cerebral e estética, até que eu saio no lucro...tsc...tsc

3- A lei da reação: a cada ação corresponde uma reação de valor igual e de sentido contrário, ou seja, tenha a capacidade imbecil de se importar com acerebrados(as) e eu enxerei a cara no botequim da esquina (puxa vida, duas ações idiotas e de mesmo valor!).

Dienstag, Mai 08, 2007

A outra aula de Geografia no Colégio novo

E o professor começa seu discurso no meio da aula sobre Industrialização:

"Os países periféricos não estão no mesmo patamar industrial dos países desenvolvidos pelo fato do capitalismo ser perverso! Os países ricos não querem que os países pobres cresçam!"
[...]

" A China é um grande exemplo do Socialismo que deu certo!"

O meu dedo criando vontade própria pronto para se auto-levantar. O cérebro inchando de tanta retórica, o último suspiro antes da boca abrir e soltar inúmeros protestos direitistas. Mas não, respirei fundo e decidi que na próxima aula vou levar um MP3.

É...Certas coisas nunca mudam.

Dienstag, Mai 01, 2007

Náusea: o retrato da apatia

Antoine Roquentin, meia-idade, burguês. É em torno desse personagem que Sartre faz encarnar a profunda apatia. O Sr. Roquentin mora só em um hotel localizado em Bouville, cidade pequena na França. Faz o desjejum sozinho, almoça sozinho e janta sozinho. Tudo isso em Cafés espalhados pela cidade e ao som de "Some of these days", um jazz.
Roquentin narra o livro queixando-se incansavelmente de uma "náusea", que aparece sorrateiramente quando ele pára e analisa as pessoas e coisas à sua volta. O que fica subentendido é que essa "náusea" é produto de uma degradação emocional que ocorreu aos poucos, podemos ver no seguinte trecho: " Já não posso duvidar de que alguma coisa me aconteceu. Isso veio como uma doença, não como uma certeza comum, não como uma evidência. Instalou-se pouco a pouco, sorrateiramente: senti-me um pouco estranho, um pouco incômodo, e isso foi tudo. Uma vez no lugar, não mais se mexeu, ficou quieto e pude me persuadir de que não tinha nada, que era um alarme falso. E eis que agora a coisa se expande."
Ele passa horas na biblioteca na ânsia de ler todos os livros, mas também escreve, quer dizer, tenta escrever um livro de história sobre o Sr. de Rollebon. Devido a constante náusea somada às inúmeras reflexões existenciais, ele não consegue terminar o livro, desistindo de escrevê-lo. A biblioteca também é freqüentada pelo Autodidata, também homem de meia-idade que passa horas lendo e tem como diversão "alisar" rapazinhos mais novos.
Apesar da profunda indiferença com o mundo em si, Antoine ama Anny, uma antiga namorada um tanto excêntrica que vivia buscando "momentos perfeitos", como se as pessoas em determinada situação tivessem que interpretar quadros e figuras. No auge de sua debilidade, Anny culpava Antoine por estragar seus momentos perfeitos e afinal de contas, quem é apático não tem espiritualidade e nem ânimo para interpretar "momentos perfeitos", não tem a capacidade de delirar na própria imbecilidade. Pobre Anny...
Anny volta depois de alguns anos, querendo reencontrar Antoine. Depois de tanta apatia, tal fato desperta algum ânimo nele mas não por muito tempo. Quando se encontram, ela lhe explica a teoria dos momentos perfeitos e em seguida pede que Antoine se vá. Na despedida, ela o beija alegando que queria ter a lembrança de seus lábios. Inconformado, ele vai até a estação de trem para vê-la partir, como se quisesse ver sua desgraça se concretizar e se concretiza. Anny vai embora.
Em seus passeios pela pequena Bouville, vendo a paisagem, os humanos, a cor do céu e a natureza, ele concretiza a verossimilhança de todas as coisas existentes: " Todo ente nasce sem razão, se prolonga por fraqueza e morre por acaso." Outra máxima: " A existência é uma plenitude que o homem não pode abandonar." Concluindo que a existência não é ilusória mas apenas patética e relevante quando muito, incompreensível.
Quando Roquentin se prepara para partir para Paris, visita pela última vez a biblioteca e se depara com um infeliz episódio. O Autodidata é visto em situação suspeita com um rapazinho e em seguida surrado pelo corso da biblioteca que possuído pela revolta moral, sai distribuindo socos no Autodidata. E é nesse episódio que podemos ver a empatia e humanidade de Roquentin, pois ele pega o corso pelo pescoço para defender seu companheiro de leitura, ao qual mal dirigia a palavra e evitava encontrar. Mas o que é mais comovente, é Roquentin desprezar o ato pedófilo do Autodidata e compartilhar a desgraça alheia, pois a biblioteca era a vida do Autodidata.
Enfim, a hora da despedida chega e ele faz sua última refeição no Café que freqüentava. Se despede de sua amante, a dona do Café. Ele está partindo porque não lhe resta mais nada: " Sou livre: já não me resta nenhuma razão para viver, todas as que tentei já cederam e já não posso imaginar outras. Ainda sou bastante jovem, ainda tenho força bastante para recomeçar. Mas recomeçar o quê? Só agora compreendo o quanto, no auge de meus terrores, de minhas náuseas, tinha contado com Anny para me salvar. Meu passado está morto. O Sr. de Rollebon está morto, Anny só retornou para me tirar toda esperança. Estou sozinho nessa rua branca guarnecida de jardins. Sozinho e livre. Mas essa liberdade se assemelha um pouco à morte." E a atendente pergunta se ele não quer escutar pela última vez aquele jazz, Some of these days.
Apesar de velho, vesgo e comunista ( como diria um amigo meu), Sartre conseguiu sensibilidade o suficiente para criar um personagem mórbido, sozinho e cheio de dignidade que nos mostra que a existência é irreal, que as pessoas sempre têm que partir e que os momentos reflexivos são náuseas a nos queimar o esôfago.


A voz canta:

Some of these days
You'll miss me honey