Dienstag, März 09, 2010

Do subtítulo do blog

Calvino (o Ítalo, não o João) tem sido um dos queridos nos últimos tempos. N'as cidades impossíveis é totalmente possível, e permitido, sonhar. Prestem atenção: sonhar, não fantasiar. Pus o parágrafo final do livro como subtítulo, pois é um parágrafo válido por e para toda a vida. O interessante é que você imagina e sonha o livro todo e no final Calvino mostra o contrário do livro todo: a realidade. Eu não tenho seguido a filosofia dele, é mais forte do que toda vontade e disponibilidade de paciência que me restam. Ao invés de reconhecer quem e o que não é inferno e dentre o que não é abrir espaço, eu abro espaço para o inferno; melhor dizendo o inferno abre espaço em mim. Acontece que eu não quero pular para a primeira opção e me adaptar ao inferno, eu não sou inferno, até minha expressão facial é branda (apesar do septo furado): quase sorriso de longe na face, digamos que um sorriso de um vencido. Sou amada, quase idolatrada por zilhões de seres vivos e tenho a pachorra de sustentar uma cara de mártir-quase-feliz; é meio absurdo, mas ainda assim brando.
"Até o ponto de deixar de percebê-lo"; e quando o inferno quer ser visto? O inferno é o inferno, ele é vaidoso, ainda mais comigo; ele quer espaço na Ana, aliás todo espaço. Isso me lembra o homem do subsolo, ele passava pelo oficial todos os dias, perseguia o oficial e este nunca nem ao menos lhe cedeu espaço para passar; o homem do subsolo resolveu esbarrar e nem assim o oficial notou sua presença. Eu já notei a sua, já ganhou post no blog com direito a Calvino, tire uma foto, mostre para as amigas e dê-se por satisfeita s'il vous plaît. Porque eu posso ter cinco overdoses seguidas, voltar aos meus vícios, ser vítima de grosserias dele, mas você nunca, nunca vai deixar de lembrar quem é a Ana, porque você não sou eu e é isso que te dói. Quanto a isso não posso fazer nada e sabe do mais? Você seria uma ótima pessoa se isso o que você é não fosse puramente interpretado, você não é boa e você sabe disso; aliás todo o mundo sabe. Ele finge que não sabe porque acha que gritando ou casando com quem quer que seja vai criar um enorme buraco mim, mas o buraco que há em mim foi ganho há muito quando ele nem sabia ser gente, e ainda não o sabe. O que eu quero, entenda, é poder imaginar que não respiramos o mesmo ar, porque não acho digno de mim; não quero ele, nunca vou querer, não o amo, acho que nunca amei. Impossível amar alguém sem talento quando se nasce com um. Anyway, eu e meu professor de Literatura Brasileira temos um ótimo contato visual.

Keine Kommentare: