Dienstag, Juni 02, 2009

Mutter

É mamãe, você esperava bem mais. Porque nove meses e um peso de três quilos foram coisas demais para se suportar em vão. E se você pudesse adivinhar dentre os ares tranqüilos que inspirava para dentro que eu não iria, de longe, ficar para sempre com bochechas rosadas e gordas, bem...Você não o faria. Na verdade você nunca o quis. Porque era para ser um menino e nem meu órgão genital correspondeu bem ao que você esperava. Assim como as minhas bochechas que são rosadas, mas de tanto blush.
Ah, mamãe!, você me ensinou os primeiros princípios do capitalismo. Me obrigou a decorar toda a tabuada quando eu só tinha 6 anos. Em troca, eu poderia ver o desenho. Espera, eu só tinha vinte minutos para decorar toda a tabuada e um cérebro inocente e pequeno demais para guardar tanta informação. Mas eu guardei, mamãe. Porque eu não suportaria mais um olhar de desprezo e hoje já me bastam estes que você me lança quando eu volto da rua tão bebum. Papai olha rindo, porque já sabe que não há muito o que se fazer, no entanto, você se sente fracassada diante de um fígado tão inchado. Qualquer um diria que eu sou uma maravilhosa jovem, mamãe. Mesmo a magreza excessiva, os olhos tão distantes e o corpo encharcado de entorpecentes fascinam as pessoas. Mas não contigo, mamãe, pois sempre estive muito aquém de lhe agradar.
Agora você sai da cozinha para fazer sua reza. Não que eu me importe, porque eu também rezo, mamãe. Para Jesus guardar um pouco sua dor para depois e te poupar da humilhação de ter gerado uma junkie. Os filhos das suas amigas não estudam, mas também não se destroem como eu, não é? E a linha entre não ter cérebro e não dar valor à própria existência nem chega a ser tênue. Você poderia, oh Deus...você poderia? Deus... me perdoar?

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