Sonntag, April 05, 2009

Felicidade

Borðum Og Drekkum Saddir...
{Ágætis Byrjun; Sigur Rós}




Não que eu não saiba o que seja, acho que agora todos sabem mais ou menos o que é e mal querem. Porque sentir e imaginar o que seria bom e ruim já passa muito longe de qualquer conceito de satisfação pessoal, talvez por isso o capitalismo se dê tão bem com os comerciais de televisão.
Sei que precisaria de pelo menos uma overdose por semana para me dar por satisfeita. Acordar ainda meio grogue, com o rosto ainda mais pálido do que de costume, magra de doer e repetir automaticamente: " amanhã é outro dia, a partir de agora nada de ficar tomando essas besteiras."; eu teria que me destruir quatro vezes por mês para ter alguma esperança de continuar caminhando.
Você tem a chance de compartilhar pedaços de sua vida com pessoas maravilhosas, você tem milhões de chances de ser feliz, mas essa felicidade já não significa mais tanto. Como ter a possibilidade de ter alguém maravilhoso do lado, salvar seu coração com um amor certo, dedicar seus finais de semana a este namoro, noivar, casar, ter filhos. Era para ser bonito (?). Mas é uma mentira, o modelo de se viver dos últimos tempos é uma mentira. Pois já começa tudo como uma grande mentira. Eu não consigo entender as atitudes dos jovens hoje... Mentir, mentir. Como se isso preservasse muita coisa. Como se estivessem tão desesperados que têm medo de caminhar lentamente ( como em passos de valsa) nas esquinas da verdade. Sendo que a verdade - e só ela! - é a chave de um caminho onde o mundo não pareça tão cheio de vicissitudes.
Fumo. Viro o rosto para a janela que mostra uma cidade já cheia de luzes noturnas. Respiro fundo querendo diferenciar o monóxido de carbono do ar com o do cigarro. Talvez a vida seja isso mesmo: café, cigarro, chá, dormir, algum órgão sexual, e procriação de seres que já vão nascer sem saber muito o que fazer neste mundo; talvez. E os ombros nem suportam mais o mundo, os ombros jogaram o mundo de lado e foram tentar ser pés. Não conseguiram, e agora temos órgãos que querem ser pés por todo o corpo. O coração andou e explodiu. O estômago andou e ganhou uma gastrite. As mãos cansaram de segurar o rosto tão lavado de lágrimas e também tentaram ser pés, e só se encheram de calos, sem muito sucesso. A vida agora é só vida. A vida apenas, sem mistificação, como diria Drummond.

4 Kommentare:

J. Bernardo hat gesagt…

Às vezes acho que, só vamos entender o que é a vida, após a morte...e olhe lá!
Mas enquanto isso a gente vive...com chás, cigarros, cafés, e cervejas, é lógico!

=*****

Anonym hat gesagt…

Mentira! realmente só se vivem bem, últimamente, se for dessa maneira.

beijo beijo

Flávia V. hat gesagt…

'E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.'

Milhões de pessoas presas à sua própria escravidão, que parece ser tão bonita e tão mais agradável aos olhos, mas não passa de uma mentira. Triste.

Anonym hat gesagt…

- Flávia concordo com você em gênero, número e grau.