Samstag, Mai 15, 2010

Da miséria colhida

"É verdade, minha senhora: atormento-me demasiadamente."
(Tristão - T. Mann)



Toda essa completude ensaiada não chega bem a me dar nos nervos. É que se fosse vice-versa seria surreal do mesmo jeito. Deus, às vezes, adormece. Com um sorriso nos lábios e uma expressão benevolente; quando acorda já é tarde demais: estamos em misérias. Não é que o mundo esteja de cabeça para baixo, é que somos os avessos de nós mesmos cada vez mais afundados no vício e sem ter meios de sair. Quem não têm vícios logo arruma vários, machucamo-nos por assim conseguir sustentar uma abnegação e assim nos sentimos imensos, completos.
Não é também que eu seja a maior reclamona da paróquia; mestre Olavo me ensinou a não deixar a imbecilidade se graduar de forma alguma, mas se a imbecilidade não é nossa que custa deixarmos ela criar pernas? Custa o convívio, custa ego, desgaste emocional e nocional. Tenho visto muita coisa por aí que não me agrada, como os castigos que colho por outrens. Eu estou aqui, de braços cruzados, puxando um cigarro de vez em quando e aguardando e... nada. Pasmante dever tanto assim e não ser castigada e ser preenchida. A verdade é que dá pra sair com vida dessa vida, mas com os olhos repletos de revolta. Não estou satisfeita com as atitudes divinas, talvez por isso nunca mais rezei. E fico triste, assim, muito, por não poder mais rezar de tão chateada. E me sinto humana. E tomo atitudes humanas. O problema é que as conseqüências até seriam banais, talvez apenas um "olá, sou o destino e estou vivo" não seja suficiente e nunca o será. Egos são coisas caras demais e o mais dolorido disso tudo é que as melhores pessoas o quebram ou deixam por aí em alguma calçada, do lado da garrafa (vazia, claro); não entendo como se dá de presente o sono dos justos pra quem tanto falta com essa vida. Mamãe me comprou um escapulário, logo irei fazer as pazes com Seu Zé Céu e assistiremos aos pagamentos, finalmente satisfeitos.

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