Donnerstag, April 22, 2010

A quem confiar minha tristeza?

A frase-título é um versículo de um canto da Igreja Russa. Os ortodoxos têm se mostrado imensos e me dando uma perspectiva grande de caminhos. Não que haja caminho para andar, mas há caminho para ver e dentre andar ou ver temos sorrisos ligeiros e cansaços eternos. Tenho estado orgulhosa de mim por fazer ver e entender a maioria de que a intuição vale muito mais que a sistematização, que se fosse o contrário Raskolnikóv teria matado a velha e ficado com as jóias, mas ele as escondeu e não quis mais saber delas; logo a coisa toda não remetia à fome mas ao desespero consciental. Mas a imbecilidade evolui tanto quanto a própria inteligência e de vez em quando me deparo com asneiras torpes, há pessoas que acham que possuem o poder de analisar e acertar como se fosse jogar na roleta. Não é uma questão de você escutar uma história, é a questão de não ser um pobre idiota crédulo de sensitividade aguda e que pode dividir o rio e guiar os hebreus. Essa minha moda "deus" está contagiando as pessoas mesmo. Daí cito Tchekov : "Se alguém escreve mal, não se procura explicar-lhe em que consiste o defeito mas dizem-lhe, simplesmente: De novo, este filho da mãe escreveu bobagem!" ; não dá pra ficar vociferando "imbecil vil!" por toda a minha eternidade, desculpem.
Letras está cada dia mais casa. Tanto que sinto-me enorme naqueles blocos que agora parecem tão pequenos. Não há mais beleza ou dor a se descobrir lá, acabou e só sobrou alguma faísca de esperança por um behaviorismo que não me canse na metade e me entretenha por um bom tempo. Todos estamos fartos de dias, todos. Não sei como alguém farto consegue ter a facilidade de fingir para si mesmo que está tudo nuvens de algodão, quando se carrega uma dor daquelas. É sofrimento de deformar a alma e deixá-la moldada e imersa em desgraça. Lembrei agora da aula de grego em que a professora explicava que em grego não há a palavra "pecado" só a palavra "falta". Não há como atingir aos deuses porque estes são superiores demais, logo só podemos cometer atrocidades com nós mesmos (o sentido de falta humana para os gregos é muito maior que o de pecado para nós). Não havia mais como me atingir e por isso tantas faltas contra mim. Queria entender porque tudo em mim remete ao paradoxo, nunca é só uma coisa, são as duas. Tantas opções e nenhuma salvação. Algum dia houve fé aqui neste blog, algum dia houve vida e até mesmo alguma importância aos sentimentos. Tudo ultrapassa o abstrato para mim agora, como em Pde. Antônio Vieira: "(...) em pó, em nada."

2 Kommentare:

Rafaga hat gesagt…

"Todos estamos fartos de dias, todos."


Às vezes eu me sinto assim.
Mas daí você surge e muda todo o contexto. E eu tenho fartura. Num farta nada quando você está por perto. :D

nelson hat gesagt…

Oi Ana!
Bom ler coisas que não se enquadram na mesmice...acho que em meio a paradoxos é que encontramos mais vida e sentimentos...beijos..Nelson