Freitag, April 16, 2010

Do mais sensível da Almayer

"The end is in the beginning and yet you go on."
(Endgame - Beckett)


"Você não sabe o que é lutar. Você não sabe m-e-s-m-o o que é lutar, Ana!" (joga o cigarro no chão e sai indignado da mesa do bar).


Ele tem mais fé e vê mais coragem no amor que eu. E definitivamente eu não sei lutar mesmo. Todas as minhas declarações de amor são egoístas, não tem uma que se pareça ao menos com uma declaração de amor de bom grado. É tudo pra mim. A idéia de onipresente e onisciente ainda está em mim, daí a maioria me achar tão parecida com Deus, mesmo nunca tendo visto seu rosto. Vêem o meu cheio de arrogância-doçura e acham que é isso mesmo: Deus. Mais: porque vêem meu rosto tão machucado e tão cansado dessa vida que associam a algum tipo de martírio pessoal. E não há. Eu posso não ser a pessoa mais feliz do mundo (e só Deus sabe o quanto eu tenho todos os motivos para ser a mais feliz), mas eu sou livre; e nunca vou abdicar dessa liberdade, nunca. Eu ensino as pessoas a sonharem, mas não as ensino a voar. E é tão fácil. Ou é pra quem não tem mais nada a perder? Não sei. Tá, sou cansada, livre e orgulhosa. Eu até queria, queria de verdade, perder meu precioso e sagrado (sim, sagrado, segundo algumas pessoas eu sou Deus, então é sagrado! rs) tempo com o ser que me ama, mas não dá. É que no amor eu sempre prefiro manter uma distância educada. Talvez eu tenha nascido na época errada, talvez se eu tivesse nascido no séc. XVII eu pensasse "poultz!, nasci com o sexo errado!"; é tudo muito errado. Ah!, e claro!, quando resolvo extrair de mim para lhe dar acabo sendo espetáculo para todos, porque não são quaisquer palavras, são as palavras da Ana, então todos querem ver, todos querem tocar o papel, o maço de cigarro, o isqueiro, quiçá qualquer guimba que deixei por aí. Relíquias. Engraçado isso, além de ser tratada como Deus sou tratada como morta.

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