Dienstag, Dezember 16, 2008

Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me

Eu tinha então 17 anos. Meus cabelos caíam na testa e eu ainda era um menino. E os meus olhos costumavam brilhar com a chuva ou quando eu jogava bola com os amigos. Até que a conheci. Com seus tantos anos a mais de vida, com a sua experiência, com o seu organismo danificado pelas drogas. Achava-a doce, tão doce que eu costumava viajar para onde ela estava nas minhas noites de insônia.
Eu queria ser ela, ou simplesmente poder sentí-la, vê-la. Nem que fosse só para saber que não era alguma miragem, alguma ilusão. Quando eu sumia, sonhava com ela todas as noites. Quando ela me ligava só me restava não só abrir meu coração, mas dilacerá-lo em juras de amor eternas, em planos de um futuro bom. Pensei em largar tudo só para poder viver ao seu lado.
Mas eu menti. Nunca a amei. Apenas o meu egoísmo de menino pouco conhecedor dos causos do destino me guiava até a destruição dela. Ela era tudo para mim, mas não porque eu a amasse, não. Eu queria vê-la completamente destruída. Eu a via se desintegrar, mas eu queria ter esse prazer, eu queria arrancar daqueles grandes olhos lágrimas que jamais se dissipassem. Queria provar que ela tinha um coração, não para amar, mas para aguentar todas as dores que eu poderia lhe proporcionar... Entretanto, também haveria de humilhá-la! Só por todas as vezes que ela com a sua paciência e serenidade me explicava as coisas ou me dava broncas por ser um afetadinho.
Parti o seu pedestal me entregando à outra paixão. Fui aproveitando cada silêncio dela nas conversas, silêncios que eu tinha certeza que eram de choro. Mas eu simplesmente não poderia vê-la chorando, não? Eu tinha que ter a certeza de meu mal. Como não havia jeito de saber, me contentei em metralhá-la com todos os absurdos infantis do mundo. Então, ela sumiu. Na verdade ela havia ido embora... E agora? O meu trabalho não havia acabado. Insisti em machucá-la, acho que consegui. Talvez ela esteja com um suéter lilás agora, talvez o céu cinza-brilhante de chuva esteja iluminando seus olhos marejados e talvez sua boca esteja contraída até agora de dor, talvez.


Acordei e meus cabelos não batiam na testa, eram longos. Eu não tinha nada de menino e já tinha dezenove anos fazia 1 mês. E eu não havia me machucado, não havia dor alguma. Ludmilla me avisava por mensagem : " Foi só um sonho ruim...Foi apenas um sonho ruim, ma belle..."


Player: Keane - A Bad Dream

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